sábado, 30 de abril de 2011

O primeiro mês a gente nunca esquece - parte 2

Pra você que tá chegando agora, antes de ler este texto é necessário dar uma olhada no post anterior. Isso aqui pode parecer novela mexicana mas, ainda assim, não basta ver um capítulo pra entender tudo o que aconteceu no mês. Aos que leram - e com certeza não conseguiram fazer mais nada das suas vidas aguardando a continuação rsrsr - o que se segue é uma contextualização dos acontecimentos na intenção de que a situação final possa ser digna de, ao menos, uma risada de canto de boca. Vou me esforçar pra isso. O peito rachado, como vocês vão ver, era só a ponta do iceberg. Peraí: peito? Ponta? Iceberg? Rachou? Maldito aquecimento global!


O Elixir dos deuses

Como já contei, as crianças tiveram a pega errada, que rachou o peito, que irritava as crianças porque ficavam com fome, que choravam, que deixavam a mãe desesperada, porque as crianças não mamavam, porque seu peito doía horrores, que desesperava o pai e que atormentava os avós. Mais tranquilo impossível. Numa situação dessas, você fica sujeito a qualquer tentativa, já que nada pode ficar pior. Acho que se naquele momento me mandassem passar a Maravilha Curativa do Dr. Humphreys (pra quem não conhece é um líquido que, resumindo, cura todas as doenças da letra de "O pulso ainda pulsa" dos Titãs, além também de curar mau-olhado, espinhela caída, frieira, bicho do pé, fimose e mau hálito entre todas as outras doenças existentes. Na verdade a medicina não faz muito sentido depois de sua invenção, não sei porque ainda existem médicos se formando...) no peito dela eu tava pronto pra executar esta tarefa. Com um espectro de atuação desses, um peito rachado seria pinto. Ops, acho que não ficou legal rsrsrs um peito rachado seria...mole. Ih, piorou... seria...simples, pronto.

Ainda que o peito estivesse no estaleiro, minha mulher se recusava a não oferecê-lo, numa dessas atitudes que só uma mãe tem a capacidade de ter. Imagina a culpa que ela carregaria em não oferecer o leite materno aos rebentos. Ainda assim, com dor e com pouco leite, as crianças não vinham se alimentando muito bem, o que fez com que não ganhassem peso no primeiro mês. E foi só aí que ela se convenceu de que era necessário que eles começassem a tomar o leite em pó de complemento (Similac no nosso caso). E aqui começa uma nova batalha: de um lado eu e meu sogro e do outro, ela e as, como eu gosto de chamar, defensoras da natureza.


Cadê minha mamadêla???

Aqui, meu amigo, eu comecei a me encrespar, encrespar nada, a ficar puto mesmo. Minha mulher começou a ler na internet e pegar informações com outras amigas e estava relutante em dar o complemento. Tudo que ela lia e escutava podia ser resumido desta forma: Belzebú foi alimentado com Nan e Satanás largou o peito porque começou com a mamadeira. As defensoras da natureza, ignorando nossa situação desesperadora e o peso das crianças, continuavam a bombardeá-la com a ideia de que qualquer leite que não o materno era prejudicial e que existiam indícios de que o Dath Vader foi pro lado negro da força por culpa de sua mãe, que não deu o peito. Meus amigos e amigas, é ÓBVIO que todos nós queríamos que eles mamassem somente no peito durante no mínimo os seis meses. Mas o que não podia ser ignorado era que o complemento não era uma opção, mas sim uma necessidade, que era descartada pelas conselheiras verdes. Isso me irritava profundamente já que este radicalismo estava prejudicando meus filhos.

Você é linda, seus filhos serão lindos e sua barriga
 vai voltar ao normal...
Algumas delas respondem pelo nome de doulas. É aquela mulher zen toda a vida, que curte florais, adora terapias alternativas, só toma homeopatia e tem o dom de dizer tudo o que uma mulher grávida com os hormônios enlouquecidos está louca pra escutar. Parceiro, vai por mim, se ouvir esse nome saindo da boca da sua mulher, corre sem olhar pra trás rsrsrs. Foi uma dessas, famosa por sinal, que disse pra minha esposa que ela não deveria dar complemento pras crianças de jeito nenhum, por nada nesse mundo. Só me resta então concluir que ela queria que as crianças perdessem cada vez mais peso e ficassem em uma situação ruim só porque ela achava que era contra as leis naturais, me poupe. O mais engraçado é que um dia desse fomos passear com as crianças no Museu da República e encontramos um amigão meu alemão, que conheci nos tempos em que moramos numa república em Niterói. Conversa vai, conversa vem e toquei no nome dela com ele, seus olhos se arregalaram: "você também conhecer esta mulher? Nossa, ela ser muita atraso" rsrsrs. Vejam bem, nada tenho contra as doulas, não estou generalizando mas, no meu caso, como se tratava de uma das mais famosas, fiquei horrorizado com sua incapacidade de entender o contexto e ser maleável nas suas convicções. Afinal, se seguíssimos suas orientações abalizadas, este blog poderia nem existir...

Nesse ínterim, diante do sofrimento geral, você vai acabar cedendo aos pedidos de sua mulher, no leito e lascada. Foi aí que concordei em chamar uma pessoa que iria lá em casa ajudar com o aleitamento, dar dicas e tudo mais, isso antes do Fernandes Figueira. Já viu, né, morri em R$ 100,00 nessa visita. Ela chegou, pegou as crianças, indicou a pega, disse umas palavras tranquilizadoras e deu uma dica que acabaria com qualquer possibilidade de um simples cochilo durante as noites seguintes. Como a mamadeira era coisa do tinhoso e faria as crianças abandonarem o peito, dorme com um barulho desses, elas deviam se alimentar através de uma sonda, nº6, nunca mais me esqueço. Olha que coisa formidável.

Era assim: você pegava um potinho pequeno e colocava o leite. Depois pegava essa sonda e com o auxílio de um pedaço pequeno de esparadrapo, colava no seu dedinho mindinho, que ia fazer o papel de bico do peito. Botava na boca da criança e ela mamava, sem o risco de jogar o peito pra escanteio. Você tá aí pensando: "ué, Cappelli, qual o problema disso?" Presta atenção, vocês não estão atentando para a funcionalidade disso. Primeiro que se uma mão sua está ocupada porque a criança está mamando no seu dedinho e a outra está ocupada segurando o potinho que está com o leite, quem está segurando a criança??? Ou seja, precisa de mais um. E aquela sonda dando mole, eles metem a mão, arrancam do seu dedinho, o pote vira, a sonda sai do pote, sai do dedo... mermão, cada vez era um suplício. Isso sem contar com a madrugada. Você com a vista tomada pela remela, doente de sono, tendo que acordar, pegar a sonda, colar no dedinho... era mais fácil eu chorar do que as crianças. O que me deixava mais louco é que uma simples mamadeira resolveria tudo...

E esse leite do potinho era alternado, ora materno ora complemento. Calma, acabo de perceber que estamos chegando na parte em que vocês vão conhecer a história do Fernandes Figueira. Tendo em vista que o leite materno era escasso no peito (eu e meu sogro maldosamente ficávamos falando que o peito era só uma salada, que o complemento que era o feijão com arroz rsrsrs) ficava comigo a incumbência de fazer a ordenha para oferecer na sonda. Amigo, eu apertava e apertava e apertava e fazia os movimentos circulares e apertava e quando já estava com os dedos dormentes, com sorte, tinha saído uns 30 ml rsrsrs. Aí tu imagina como nos sentíamos quando o potinho com este leite virava na hora de mamar rsrsrs. Cada esguicho que caía fora do pote era seguido de um "aaaaaaahhhhhhh que pena". Não sei o motivo mas quando eu apertava tinha vezes que saía leite em umas três direções diferentes, sendo impossível aproveitar tudo. Eu passava horas pra conseguir esta quantidade e cada ml era uma conquista.

Minha mulher ficava muito triste com isso, ela queria jorrar leite. Depois de algumas idas ao pediatra e das crianças não terem ganhado peso ela se rendeu. Depois, com o passar do tempo, aceitou a mamadeira também, fase em que eles ganharam peso rapidamente e, PASMEM!, continuam no peito até hoje. Eu estava livre da sonda, as crianças choravam menos porque estavam com menos fome e toda a logística tinha sido facilitada. As coisas começavam a entrar nos eixos. Bem, tô me perdendo, vamos ao caso.

Como vocês viram, o trabalho da ordenha era brabo. Horas e horas por míseros mililitros. Quando chegamos no Fernandes Figueira, ficamos na sala de espera já que tinha uma pessoa sendo atendida. Estamos escutando as orientações e ganhamos até potinhos que são adequados para armazenar o leite, são aqueles vidros compridos de nescafé, tipo aquilo. Enquanto olhávamos aquele pote sonhando em um dia transbordá-lo, com minha mulher se culpando por não ter muito leite, triste e frágil, sai uma menina de uns 50kg de dentro da salinha, que tinha entrado uns cinco minutos antes, com quatro potes daqueles cheios debaixo do braço rsrsrsrsrsrsr. Aquilo foi fatal e minha mulher foi aos prantos imediatamente, enquanto eu e meu sogro ríamos e a abraçávamos sem parar diante da cara dela de "noooooooooossa quanto leite buááááá rsrsrsrsr" Lá funciona também o banco de leite e a menina estava fazendo sua doação bem na hora rsrsrs.

Apesar disso saímos de lá bem felizes e confiantes de que tudo daria certo. Ao quadrado, é claro.


quarta-feira, 27 de abril de 2011

O primeiro mês a gente nunca esquece - Parte 1

Preparação para o primeiro mês
Amigo, é chegada a hora do alistamento familiar obrigatório (AFO). Não adianta nem tentar ser fominha e resolver o jogo sozinho porque com duas crianças recém-nascidas chegando em casa, você vai precisar de, no mínimo, mais duas pessoas com você. E aí, meu caro, é hora de chamar vovô, vovó, titia e quem mais estiver escapado da hora do Brasil neste momento. Os dias hoje não estão fáceis e você vai ver que não é tão simples assim. Ainda mais depois do surgimento do Viagra, o que pode fazer com que o vovô se mostre um tanto arredio em passar um mês trancafiado com os netinhos e o que sobra dos pais. Em nosso caso conseguimos arregimentar minha mãe e o pai de minha mulher, já que meu pai e a mãe dela já estão nos braços de Icu. Duas figuraças, que moram de frente pra praia e vivem de renda, ou seja, recrutas em potencial. Vovô ficaria por três meses e vovó foi seria dispensada a beira da loucura com um mês. 

Parceiro, o primeiro mês é sinistro. Você não sabe de nada, mesmo achando que leu e está preparado pra tudo. Eu tenho um exemplo que é ótimo. Vocês já viram o “Resgate do Soldado Ryan”? Pois é. O primeiro mês de vida dos gêmeos é parecido com os primeiros 20 minutos do filme onde você não consegue nem respirar. Enquanto os soldados vão desembarcando na Normandia você vai embarcando na banheira com um medo da porra de cair água no ouvido ou deixar seu filho escorregar. Treinar com uma boneca que não se mexe, não chora e não está ensaboada, como você fez naquele cursinho durante dois sábados pela manhã, feliz da vida, não ajuda muito. Os vídeos no youtube são ótimos, mas desconfio que as crianças utilizadas estejam dopadas com, sei lá, um concentrado de maracujá com camomila ou algo parecido. Na dúvida e no medo, o negócio é passar uma água rapidinho porque ainda tem mais um. Criança nessa idade nem se suja muito...rsrsrsrsr

Sua mulher está toda avariada, deitada, enfaixada, com pontos na barriga e com dores. Qualquer soldadinho ferido daquele exército americano é fichinha. Queria ver um deles nesta situação periclitante ainda tendo que ficar com duas crianças mamando ao mesmo tempo no peito. Ah, o peito, esse é um capítulo à parte...

Nos idos de sua juventude minha esposa ia na contramão do silicone. Agraciada com uma comissão de frente avantajada, era necessário dispensar alguns de seus componentes para que a harmonia da escola fosse preservada. E enquanto todas as amiguinhas queriam mais, ela entrava na faca pra diminuir seus seios. Antes que você pergunte “o quê o Cappelli tá querendo com isso”? Eu respondo logo: uma operação destas pode dificultar muito a amamentação. Como vocês podem imaginar, ficamos especialistas nas explicações: a operação afeta os ductos mamários, que são responsáveis pelo transporte do leite até o bico. A operação pode, dependendo do médico ou açougueiro, cortá-los ou preservá-los. Depois de alguma tensão para saber se ela conseguiria amamentar ou não, ficamos aliviados com o aparecimento do colostro após o nascimento, já era um bom sinal. No caso dela, foram preservados alguns destes ductos, o que permitia a amamentação ainda que o leite não jorrasse. 

Mas o leite é só um detalhe, parceiro, tem a tal da pega, o jeito que a criança vai agarrar no bico. Aí é que a jiripoca pia. Se pegar errado o bico do peito vai pro beleleu. E foi o que aconteceu. Aí, meu caro, senta e chora comigo: as crianças em prantos porque querem mamar, com fome,  sua mulher nervosa e operada sem poder fazer nada, com o peito rachado e sangrando de tanto insistir, você desesperado sem saber o que fazer, os avós vindo com suas teorias mirabolantes do estilo “no meu tempo era assim” e uma confusão danada formada. Some-se isso ao cansaço e ao sono e o dia “D” da segunda guerra vai parecer um feriado. 

A nossa salvação foi conhecer o banco de leite do Instituto Fernandes Figueira, da FIOCRUZ. Lá tivemos todas as orientações possíveis e imagináveis, com muitas dicas e toques que nos deixaram aliviados. E o melhor: tudo de graça! Não titubeiem: se tiverem algum problema com isso corram pra lá que tudo será resolvido, 0800 e com selo de qualidade da FIOCRUZ. Saímos de lá com uma receita simples: a natureza cuida de tudo. Pro bico rachado, era só passar o próprio leite e pegar sol, o corpo fornece a cura. Se sua mulher entope o bico com coisas à base de Lanolina fique atento. Fizemos isso durante todos os meses e não adiantou nada. Já o sol com leite materno em dois dias já tava bem melhor.

Agora, diz aí: onde se pega sol com os peitos de fora morando em um prédio sem que ninguém veja? Rsrsrsr Minha mulher me respondeu: acordei 7 da manhã e lá estava ela, toda lanternada, deitada no chão da varanda pegando o solzinho da manhã, torcendo pra não ser devassada. Dizem também que pode deixar o bico perto de uma lâmpada, mas ela nunca faria isso: “o Sol é muito mais forte”. 

Foi lá no Fernandes Figueira que vivemos um cena hilária. Mas acabo de ver que a mensagem tá gigante, então conto mais tarde na continuação...

sábado, 16 de abril de 2011

A bolsa rompeu? Então sou eu!

Indo pra maternidade. Onde estou? No banheiro, é claro.
Parceiro, chegou a hora. Não adianta se trancar no banheiro alegando indisposição estomacal (vulgo caganeira ou piriri) ou mesmo refugar igual ao Baloubet Du Rouet, aquele cavalo que varejou o Rodrigo Pessoa por cima dos obstáculos, o que era o grande vencedor e na hora "H" afinou. Você é o pai e deve estar presente, não dá pra fazer a segunda chamada. Tenha em mente que sua situação é muito confortável. Com o advento da cesariana e a adoção unânime por esta cirurgia de quase todos os obstretas, tudo tem dia e hora certa pra acontecer. É claro que por traz disso temos um sistema de saúde capitalista que prefere este jeito fordista porque consegue fazer muito mais cirurgias do que se fosse esperar a criança resolver romper a bolsa. Aliás, romper a bolsa, pra gravidez gemelar, é quase uma palavra em extinção. Praticamente todos que consultamos aconselhavam ao parto cesariano, ainda que existam casos do parto gemelar normal. Acabou que lá em casa minha mulher ficava com uma inveja danada de mim toda vez que saía correndo em direção ao sanitário dizendo "a bolsa estourou!". Perco a mulher mas não perco a piada.

Em nosso caso não tivemos muita escolha já que nosso plano não nos dava muitas opções. Como as crianças não foram "planejadas", ela tinha apenas o plano mendigo da Unimed, também chamado de Personal. E já que não tínhamos muita escolha, não queria correr o risco de esperar eles decidirem a hora de nascer e, chegando na maternidade, não ter lugar ou passar qualquer tipo de perrengue. Achei perfeito quando decidimos tudo, inclusive com reserva no hospital. Tudo agendado, restava somente aguardar.

É claro que em condições diferentes gostaria que o parto pudesse ser natural e que eles viessem na hora que decidissem entre eles (acho melhor explicar antes que alguma Avatar voe no meu pescoço e me chame de inimigo da natureza). Minha mulher também gostaria de um parto bem natural e, conhecendo ela, seria algo como ela agachada, gritando horrores abraçada a uma árvore e fazendo pressão para que as crianças chegassem, onde cairiam em uma pequena piscina natural preenchida de água da fonte, para não estranharem a mudança de ambiente. Logo após, ela, eivada do instinto materno, lamberia suas crias enquantos elas curtem o colostro quentinho rodeadas por índios xamãs que entoam cânticos de boas-vindas, batendo o pé e baforando aos espíritos. Em seguida eu chegaria, pegaria os dois e levantaria aos céus, apresentando os novos moradores do Templo planeta Terra aos deuses que regem sua harmonia.

Cosa Nostra: os Mandarino Cappelli
Acordando do sonho, era hora de partir, dia 24/01/2010 7h da manhã. A parentada toda avisada e chegando junto conosco na maternidade, por sinal muito boa, uma grande sorte que demos, Amparo Feminino. Ela vai se preparar e você também. Logo perguntam se o pai vai asistir e respondi que iria, não só eu como também o irmão da Giulli, Huguinho, que é enfermeiro e ponto de equilíbrio do Clã Mandarino e conseguiu negociar sua entrada. Fomos então para um pré-sala onde nos vestimos adequadamente, ou pelo menos quase, no meu caso. Com uma lancha tamanho 44 e 1,95 de altura, saí do trocador com a calça que me deram na canela, o negócio que envolve o pé chegando só na metade e a camisa no umbigo. Logo vem aquele engraçadinho que te pergunta "não vai desmaiar não"? Como eu vou saber? Eu sei lá, ué, nunca entrei em um lugar onde fossem abrir uma pessoa pela barriga, com sangue brotando aos montes e com duas crianças saindo arrancadas de lá de dentro rsrsrsrsr  Só dá pra saber indo. E fui.

Chegando na sala de cirurgia a descontração é total. Não, não é a nossa, mas a da equipe. Futebol, culinária, compromissos futuros, parecia que a qualquer momento iam jogar o baralho em cima da barriga dela e começar o carteado. Como fazem aquilo várias vezes e em dia seguidos, o que pra nós é extremamente angustiante pra eles é rotina. Injeção dada. O anestesista vai furando ela com uma agulha pra ver se ela está sentindo alguma coisa. Eu e Huguinho atrás da cortina que só tapa a visão dela pra barriga, o que nos permite olhar por cima (bem, o huguinho na ponta dos pés, mas não vem ao caso). Enquanto ela pergunta se já começou, a barriga já está aberta e o sangue toma conta, sugado com sonda e gases aos montes.

Essa merecia um prêmio. Tentem adivinhar quem é...
Em pouco tempo, a obstetra já está com metade do braço dentro da barriga dela tirando o Thomaz. Logo em seguida sai Sophia, e eu de cara neles, segurando a câmera com uma mão e a mão da Giulli com a outra. A cena é surpreendente. Fotos sensacionais. Em pouco tempo estamos os quatro juntos pra primeira foto. Em seguida seguem para serem limpos e pra fazer a sucção do líquido no nariz. Tudo pra poderem ser embrulhados pra presente.

É nesse meio tempo que temos que ficar atentos e acompanhar as crianças. Vai que tem alguma Nazaré por ali, na espreita, só esperando alguém dar mole pra pegar um deles? Foi assim que a Maria do Carmo se deu mal. Foi nesse meio tempo também que olhei novamente por cima da cortina e vi a obstetra lavando igual uma preta véia na beira do rio alguma coisa em cima da barriga dela. Fiquei bolado" ih, sobrou alguma coisa na hora de montar" rsrsrsrsrsr Resolvi perguntar e ela, com ares de quem está lavando a calcinha no chuveiro, responde: "é o útero, temos que tirar a placenta que fica grudada". Diz aí? Sinistro, né não? Pra você que ainda não sabe se vai entrar, eis um relato que vai te ajudar na decisão. Agora, se você é daqueles que desmaia até com o sangue que sai do bife que tirou da sua unha, pode desistir, passa longe.
Saindo do forno...
Todos pra encubadora, pra se ambientarem uns 30 minutinhos e tirar as medidas, a burocracia. A parentada toda babando no aquário. Logo em seguida vamos pro quarto. Após a cesárea a mulher não pode falar, porque dá dor e gases. Ela já tinha um bloquinho em mãos, ainda que sua letra seja um espécie de dialeto da junção entre o árabe e o mandarim, ainda mais pós-operação. Eu que já imaginava os questionamentos, fazia igual com um amigo gago, tentava adivinhar tudo, pra desespero de ambos. Ela não podia falar. Eis que surge minha mãe no quarto e, toda alegre, começa a se comunicar com ela por sinais. Gargalhada geral. "Tá maluca, mãe? Ela não pode falar, mas não tá surda não"! rsrsrsrsrsr

(Uma história ajuda a compreendê-la melhor. Verão no Rio, calor absurdo, o capeta usando protetor 40. É hora de dormir e todos se recolhem. No dia seguinte, a mama sai esbravejando do quarto, possuída e quebrando tudo, puta da vida: "porra Ricardo, sacanagem! Fiquei suando a noite inteira, não dormi nada, esta merda deste ar-condicionado está quebrado! Tu me sacaneou!" Meu irmão, meio aturdido com aquilo tudo, indagou" Mãe, tu não usou o controle remoto? " E ela: "usei, claro que usei! Botei no máximo e esta merda não funcionava, coloquei no 32º" rsrsrsrsrsrrsrsrsrsrsrsrsrsrrsrsrsrs Ao invés de gelar ela transformou o quarto no forno da CSN!!!! Figuraaaaaaaaaaaaaaaaaça)

Peito de mãe sempre cabe mais um
É sempre bom evitar o quarto cheio, principalmente na hora do primeiro contato, quando você ainda está se adaptando com as crianças. E isso serve pra todo o primeiro mês. No meu caso foi ruim também porque não conseguia ver o jogo do Fluminense contra o Bangu pelo campeonato carioca, toda hora alguém passava na frente. Chegam os dois rolinhos e tu não sabe por onde começar. Logo vem a primeira mamada dupla e o primeiro cocô, que é uma espécie de sabão em pasta, destes de lavar louça, mecônio, nunca mais esqueço isso. O primeiro choro, o primeiro desespero, a primeira noite acordado, a primeira troca de fraldas usando 39 gases pra limpar uma borradinha de nada...

Tudo ao quadrado.



segunda-feira, 11 de abril de 2011

Maracujá para os ouvidos

Música de qualidade e sono garantido
Parceiro, muitos vão dizer que isso aqui não é twitter pra ficar colocando mensagens curtas, mas o problema é que quando penso já faço, no mínimo, um parágrafo, o que inviabiliza minha participação neste tipo de ferramenta virtual. Acho que todo historiador, por natureza, é prolixo.

Enfim, vim aqui só dar uma rapidinha (olha a maldade, papai e mamãe, o que seus filhos vão pensar?). Acabo de colocar os dois pra dormir. Esqueça Galinha Pintadinha, Arca de Noé, Toquinho para crianças ou qualquer outro subterfúgio. A boa e escutar Renato Teixeira, Pena Branca e Xavantinho ao vivo em Tatuí. É tiro e queda!

Fica a dica. Só cuidado pra não dormir antes...

domingo, 10 de abril de 2011

Dando tchau pra dizer oi


Parceiro, aproxima-se o momento em que, de um minuto pra outro, você irá se transformar em uma pessoa completamente diferente do que era instantes atrás. Acho que nenhuma outra situação em nossa vida traz tamanha alteração. E o pior é que, desse minuto que falei, só sobram 20 segundos pra você fazer uma reflexão sua, interna, e pensar: "agora é sério, acabou a moleza". É claro que quando digo isso não estou negando a felicidade que as crianças proporcionam ao nascerem, muito menos estou sendo pragmático demais a ponto de só levar em consideração a parte técnica da paternidade. O que quero dizer é que, depois que os dois choros ganham os ares da sala e se concretizam - e eles tiram 10 no primeiro teste da vida, o de apgar - a vida passa ser à vera.

Antes você era problema seu, agora você é problema deles. Acredito que seja esta a mais revolucionária cerimônia de iniciação de um homem. Não é só um rito de passagem da infância para a vida adulta, de iniciante para iniciado, não é só a primeira bimbada, o primeiro porre ou seja lá o que for. Em todos estes casos, logo após qualquer que seja o ritual de passagem, você continua só. Aqui você num piscar de olhos vê sua família dobrar de tamanho.

E nesse ínterim, na pré-temporada que antecede este clássico tão importante, é hora de você dar adeus de forma lenta, porém compulsória, aos seus afazeres individualistas e egocêntricos. Você como macho alfa e líder de sua manada, que não come mel, mastiga abelha, tem aquelas suas peladas durante a semana pra poder gritar palavrões aos quatro cantos, falar sacanagem, de mulher e de tudo que não presta. Tudo isso num lugar onde a idade mental não passa dos 7 anos e nós achamos muito maneiro. É igual professor assistindo aula: vira aluno na hora. E eu não só jogava como organizava a pelada de quinta, das 22:30 até 00:00, com 18 malucos ensandecidos por uma vitória. Cada quinta que passava era menos uma, eu sentia que meu jogo de despedida estava próximo, que não teria mais o glamour do time de fora explodindo diante de uma pixotada sua, ou da porrada quase estancando após lance polêmico.

Toda pelada tem o chato, o pereba, o que se acha craque, o que se acha injustiçado, o que reclama o tempo inteiro, o sanguessuga, o banheira, o fominha, o que escuta tudo calado (mas que um dia explode) e o goleiro mãos de manteiga. Meu último jogo foi dia 17/12/2009, a última quinta antes do Natal, porque as duas últimas semanas ninguém aparecia. Até então jogava não só as quintas, mas vez por outra as terças também. Neste dia pendurei as chuteiras e a pelada acabou, já que eu era o chato que organizava e cobrava o dinheiro da galera. Um dia desses fui numa pelada com o Josué e vocês já podem imaginar. Aos cinco minutos estava quase enfartado e deprimido com as lembranças dos piques e golaços de outrora. Pelo menos deixei unzinho de placa, limpando dois e o goleiro, pra tocar de esquerda no gol vazio. Ali já podia ter ido pra casa. De SAMU.

E essa galera do futebol era o pessoal da academia. É, amigo, é hora de dizer tchau também aos exercícios. Malhava já tinha uns 3 anos, de segunda a sábado. Tenho uma dificuldade enorme pra ganhar peso e uma facilidade imensa pra perder. Não é difícil imaginar que uns dois meses depois fosse quase impossível convencer alguém que passei este tempo todo levantando peso rsrsrs. A única solução para engordar era ganhar músculo e nem pensar em esteiras ou bicicletas. Com 1,95 cheguei a ter 90kg, o que pra mim era excepcional. Academia hoje se resume a bíceps e abdominal, ambos com eles no colo. Agora que estão com 13 kg já dá pra aproveitar mais.

Por fim, é hora de se despedir de sua mulher rsrsrsrsr, brincadeira. Mas a partir do oitavo mês até o segundo depois de nascerem, em caso de cesariana, pode aposentar o bigulim. Esta é a despedida mais dolorosa rsrsrs. Tem todo o oitavo mês, o que vier do nono e, por fim, todo o resguardo pós-operação, que leva no barato 1 mês, e ainda todo o primeiro mês de vida deles, que você não vai ter disposição nem fazendo um coquetel de catuaba com Viagra. Amigo, a situação é triste e conheço gente que saía na rua e ficava igual aqueles bichos com fome de desenho animado que quando olhavam outro animal só vinham um frango de padaria andando rsrsrsrs. E não adianta que não existem outras alternativas com sua mulher, ela está interditada. É hora de respirar fundo e atravessar o saara com resignação, sabendo que depois disso tudo vai... ficar ainda mais difícil rsrsrsrsrsrsrsrsrsrsrs.

Após abandonar a pelada, a malhação e passar a funcionar com sua mulher igual a aeroporto, fazendo operação padrão, resta a você ter calma e esperar o tempo passar (e ele faz outra coisa?). Aos poucos a água volta, mas o perigo é que ela deixa a terra novamente fértil! É hora então de regular a mangueira porque, como diz o samba, água demais mata a planta. Com o tempo tudo volta ao normal e, se você der sorte, ela vai estar tão cansada na hora do sexo que vai implorar pra você pular as preliminares rsrsrsrsrsrs.

A peladinha eu pretendo voltar, assim como pra academia. É tudo um processo, uma questão de engenharia que equacione tempo e dinheiro. Por enquanto vou me garantindo no PFC pra não perder nenhum jogo (é óbvio que assinei a partir do nascimento deles) e me valendo de chantagens e pequenas manipulações da verdade pra ir ao estádio vez por outra, o que fiz mais ano passado para ver o Fluzão campeão.

E vamos dizendo tchau pra dizer oi. Ao quaddrado.

quinta-feira, 7 de abril de 2011

Estamos nas letras miúdas!




















Estamos nas letras miúdas (olha aqui em cima, tem uma frase em vermelho dizendo "leia outros pais em". Logo abaixo está o blog. Deixa de ser preguiçoso e pega uma lupa).

Confira a matéria toda aqui. Mas na versão online não tem esse jabá.

Teoria da conspiração

O líder da irmandade do mal
Estava eu aqui pensando estes dias sobre a onda do politicamente correto que assola as músicas que são direcionadas às crianças. Já cheguei até a comentar isso aqui, não sobre música especificamente, mas sobre a censura que queriam aplicar nas obras do Monteiro Lobato, sob a pecha de racista e preconceituoso. Inclusive hoje a música do atirei o pau no gato já termina dizendo "Nãããããããããão atire o pau no ga-to-to / porque isso sô sô / não se faz-faz-faz / o gatinho-nhô-nhô/ é nosso ami-go-go / não devemos maltratar os animais / jamais!". Horrível, um remendo que atenta contra a história. 

Ainda que não tenhamos registrado nehum caso de patologia crônica confirmada de demência humana relacionada ao mundo felino com origem em um trauma freudiano relativo ao repetimento incessante de determinada música na infância, muitos imaginam que isso pode transformar o futuro cidadão numa espécie de Hannibal Lecter do mundo animal. De minha parte, acho que o perigo do estrago é muito maior se estas crianças forem expostas ao Calcinha Preta, Latino, Luan Santana e 95% dos axés baianos. É aquilo, atirar o pau no gato não pode, mas descer na boquinha da garrafa é tão legal, né? Olha minha filhinha, foi até pro concurso do Raul Gil!

Enfim, papo sério a parte, vim aqui acabar com qualquer possibilidade de você, meu amigo, querer ser politicamente correto e, ao mesmo tempo, deixar seu filho escutar música feita para as crianças. Se é pra ser politicamente correto, ninguém se salva. Como diria meu professor de sociologia, vou dar exemplos extremos para que o argumento fique mais claro, o que não quer dizer que eles não sirvam para as milhares de músicas deixadas de fora aqui.

Se preparem! Vocês nunca pararam pra pensar nisso e, agora, vão poder perceber o risco absurdo que seus bacuris estão correndo!  Por trás destas músicas estão as piores pessoas do planeta, mesquinhas, preconceituosas, abomináveis e que, não duvido nada, fazem parte de uma irmandade milenar que visa, através das mensagens subliminares imbutidas nas músicas infantis, criar uma horda de desordeiros e pervertidos, responsáveis por destruir o planeta e prepará-lo para sua ocupação por alienígenas que estão só esperando o lugar vagar. Ih, percebeu? É uma irmandade galáctica contra a infância! Chama o Siro Darlan!

Vê se eu tô mentindo:

O Leão

Essa é da Arca de Noé. E você, hein? Achando que tá tirando onda de intelectual, se achando cult e expondo seu filho a este perigo...

Tua goela é uma fornalha/ Teu salto, uma labareda/ Tua garra, uma navalha/ Cortando a presa na queda
Amigo, feche seus olhos e repita isso pra você. Impossível não visualizar a imagem de um cramulhão bufando enxofre com vários animais da floresta pendurados no seu tridente. Vai deixar as crianças ouvirem isso?
Leão se esgueirando à espera/ Da passagem de outra fera/ Vem um tigre, como um dardo/ Cai-lhe em cima o leopardo/ E enquanto brigam, tranqüilo/ O leão fica olhando aquilo/ Quando se cansam, o Leão/ Mata um com cada mão.
Aqui seu filho poderá aprender a técnica do homicidio sem esforço. A lição é clara: deixem os outros se cansarem e, quando estiverem bem debilitados, vá lá e dê o golpe de misericórdia trucidando os dois. É porrada no bêbado.


A Mariposa


A mariposa triste coitada/ Veio ao mundo pra morrer queimada/ E sofreu muito por ver a borboleta
Que vive no jardim/ Beijando o cravo e a violeta
"Papai, tem pessoas no mundo que já vêm marcadas pra morrer, independente do que ela faça? Ela morreu queimada porque era invejosa? Papai do Céu castiga os invejosos? Ele manda matar quem faz malcriação?

A Canoa

A canoa virou/ Por deixá-la virar/ Foi por causa da Sandra (Maria)/ Que não soube remar
Aqui é o seguinte: se acontecer alguma coisa de ruim, culpe seu coleguinha que não deu conta do recado. É preciso rever a maioridade penal e dar mais responsabilidade ao que chamam de crianças que podem sim ter mentes diabólicas. Afinal, se não sabia remar, porque estava na canoa? Hein? Se ninguém dedurar a amiguinha, faça você a denúncia.

O Porquinho. (Claro, você é moderno e seu filho só escuta do poetinha pra cima...).

Sendo um porquinho informado/ O meu destino bem sei/ Depois de estar bem tostado/ Fritinho ou assado Eu partirei/ Com a tia vaca do lado/ Vestido de anjinho/ Pro céu voarei
Ah, tá. Atirar o pau no gato não pode, mas mandar  o porco e a vaca pro saco, tostado, frito e assado tá tranquilo.


Pombinha Branca

Passou um moço de terno branco/Chapéu de lado meu namorado
Se você é evangélico, cuidado! Pensa bem: um moço, de terno branco e chapéu de lado (nas entrelinhas, é claro, gingando e pitando um cigarro): Só pode ser Zé Pilintra!!!

Pra terminar e não ficar chato:

Os bichinhos e o Homem
Nossa irmã, a barata/ Bichinha mais chata/ É prima da borboleta/ Que é uma careta/ Que é uma careta/
Nosso irmão, o grilo/ Que vive dando estrilo/ Só pra chatear/ Só pra chatear/ Só pra chatear/ Só pra chatear
A lição é clara: a natureza é um saco!!! E ainda querem preservar uns bichinhos.

Tá revoltado? Percebeste como estavas sendo enganado? Vem comigo então e vamos sair às ruas queimando Cds, DVDs e caçando os compositores que ainda estão vivos. Ainda há tempo para salvar nossos pimpolhos indefesos. E eles que acharam que não descobriríamos seu plano nefasto. Não se deixe enganar: em qualquer música a mensagem maligna está lá, basta procurar...





sábado, 2 de abril de 2011

A Barriga


Aqui ela ainda está bem miudinha...

Amigo, o sol tá quase raiando, o galo cocorocando e a água do balde já atinge seu pé na birosca. Se aproxima a hora derradeira, da ema gemer, da jiripoca piar e da cobra fumar. Sua mulher já virou praticamente um ponto turístico devido ao tamanho da sua barriga, inclusive com pessoas querendo tirar fotos. Aos desavisados, que nunca viram uma barriga de mãe de gêmeos que nasceram praticamente aos nove meses de uma gestação tranquila com míseros 3kg cada um, eu fazia sempre um alerta prévio: evite parecer que está olhando pra algo sobrenatural, finja que você já viu milhares dessas. Deixe seus comentários de "Caraaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaarra tu viu aquilo???", "puuuuuuuuuuuuuuuuuultaquelosparis como pode isso?" e "merrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrmão, que parada é essa?" pra quando acabar a visita. Este é um momento de extrema sensibilidade.

Na rua um trajeto que demorava 5 minutos agora é feito com 40 e contando com uma meia dúzia de pit stops. No meio do caminho ainda vamos escutando as gracinhas tipo "aí cumadre, já tá remando" de desconhecidos do bairro que acompanharam seu crescimento estupendo. A partir do oitavo mês a locomoção fica praticamente impossível e grandes trajetos só com a ajuda do Carvalhão.

E não pensem que não me assustei com o seu tamanho. Na medida em que ela ia se expandindo e ganhando contornos cada vez maiores, ficava imaginando qual seria a sua capacidade de elasticidade. Na boa, a impressão que dava era que a qualquer momento ela poderia explodir, que por mais que a natureza fosse sábia, expansão tem limite (a exceção é o Barrashopping). E quando eles começavam a se mexer? Sinistro, muito sinistro. Como eram dois e toda ação gera uma reação, sempre que um se mexia e se ajeitava, o outro respondia prontamente, ou resmungando ou procurando se acomodar no espaço que vagou.

Na boca da botija
E aí, meus caros, tinha certas horas que eu jurava que eles iam sair pela barriga mesmo. Era um tal de perna pra lá, cotovelo pra cá e pontapés variados que vocês não podem imaginar: uma hora alguém esticava o braço e a barriga ficava parecendo a tenda de um circo. Na outra, eles iam pro mesmo lado e parecia que tinham ido dividir a mesma placenta. O mais sinistro é que permaneciam assim durante muito tempo, não era algo momentâneo.

Não sei se vocês lembram daquele filme clássico da sessão da tarde chamado Inimigo meu, que mostra a amizade de um Drac (ET) com um astronauta americano chamado David. Papo vai, papo vem, o Drac está quase morrendo e vai dar a luz. David fica apatetado sem saber o que fazer e o Drac aponta o procedimento: bastava pegar uma linha que passava pelo seu ventre e abrir como se abre uma janela. E assim foi feito. Certas horas achava que isso aconteceria a qualquer momento comigo, tamanho era o salseiro naquela barriga. Pensei: "maluco, daqui a pouco vou ser obrigado a fazer uma draconiana e César que me perdoe". Quando chegamos no hospital para o parto foi até constrangedor. As outras mães sentadas na sala de espera olhando abismadas pra barriga que sacolejava ao som da bateria, causando até certa preocupação nas mais franzinas.

Acham que eu exagerei? Tirem as futuras mães e as crianças da sala e cliquem aqui.

Não parece que vai sair a qualquer momento? rsrsrs