terça-feira, 27 de março de 2012

Riponga X Modernosa

Dando um rolé por aí, vi lá no Mamatraca, site sangue bom da blogosfera materna, que tinha um texto falando das mães ripongas e das mais modernas. Como lá é um espaço sério, creio que não cabia uma avaliação mais real dos fatos, tendo em vista que alguma mãe se sentindo atacada poderia acionar os “anonymous” e acabar com a brincadeira. Imagina a cena: você clica no vídeo e tá a Carol Passuelo mostrando como surgiu o nome do seu blog. Aí aparece ela tomando um sangue de boi, o Cabernet Sauvignon da periferia, numa roda com amigos compartilhando uma perninha de grilo e dizendo: “vinhos e viagens, não preciso de mais nada”. Ou então outro, contando a verdade sobre a Anne, dizendo que ela teve mais um filho só porque estava ficando sem assunto? É o que eu digo, maluco: hoje, quem tem CpU, tem medo.
Mas eu, bicho solto e comprometido exclusivamente com a realidade dos fatos, traçarei aqui o verdadeiro perfil destas mães, um raio-x, melhor, um ultra-som da personalidade destas que, em lados opostos, comportam-se muitas vezes como israelenses e palestinos. Eis o perfil das ripongas e das modernosas, por eixo temático.
Vamos ter um filho?
A Riponga reflete. Pensa nos descaminhos do mundo, em Hiroshima e Nagasaki, no desmatamento da Amazônia e chega a pensar que seria mais uma pessoa pra sobrecarregar a já tão extenuada Mãe Gaya. Como ela tem sempre o “ou não”, acredita que tal como as estações, ela também deve seguir o rumo natural das coisas, gestando um filho como a terra gera um fruto, criando o rebento para no futuro se alistar no Greenpeace.
A modernosa faz conta. De quanto isso vai custar, de quando teria que tirar férias, de quantos parentes teria que recrutar e como isso iria abalar sua rotina. Liga pras suas amigas e recebe um “tá louca?” quando pede uma opinião. Após fazer uma planilha no Excel com tudo incluído até a festa de 15 anos ela reluta. Aí consulta sua carteira de identidade e vê que pela data de nascimento já tá com 35. Entra na internet e já olha as lojinhas de Miami.
Como vai nascer?
A riponga dá um rodopio de braços abertos, fecha os olhos e já imagina a cena claramente na sua frente. Ela no meio da mata, com todos os bichos e parentes em volta, o sol nascendo e os pássaros cantando. Ela se agarra a um jequitibá centenário assim que sente as primeiras contrações, pedindo força aos elementos da natureza. Ao lado, uma pequena piscina de água da cachoeira, onde ela trará ao mundo sua cria, pra que ele não sinta tanto a mudança de ambiente. (Isso sempre me intrigou. As mães que tem o filho em banheiras sob o argumento de que é melhor fazer esta transição. Uma hora eles terão que sair da água, não? Ou ao invés de um berço vão comprar um aquário???) A criança nasce e ela se sente como o macaquinho macumbeiro Rafiki do Rei Leão: levanta com os braços e apresenta como o mais novo ser do ecossistema.
A modernosa já leu tudo sobre cesariana e já orçou as possíveis cirurgias reparadoras, inclusive com o tempo necessário no SPA pra se livrar do peso a mais e do estresse. Pensa em inclusive sugerir uma dose extra de peridural, porque tem pavor de sentir alguma dor. Imagina uma sala extremamente equipada, com profissionais que trabalharam com celebridades e que saem na revista Caras. Seu sonho mesmo é que tudo fosse comandado pelo House. Pede pra sua mãe que está em um cruzeiro pela Europa para trazer lembrancinhas e, se possível, a Galinha Pintadinha cantando em inglês, The Chicken Painted. Começa pedir as amigas indicações sobre alguma Doula, que já possa acompanhá-la desde agora.

Tá ficando enorme rsrsr. Essa semana continuo... O Suspense faz parte.

quarta-feira, 21 de março de 2012

Desabafo do coelhinho



Entro no feicibúqui e sou surpreendido por uma série de acusações e injúrias dirigidas ao coelhinho da páscoa, ser do bem e habitante de nossa devastada fauna. Uns dizem que não vão adquirir seus ovos porque andam muito caros, que compensa mais comprar barras de chocolate. Cochicham às escondidas, insinuando um caso raro de esquizofrenia animal onde o peludinho pensa que é galinha e que coloca ovos de ouro.

Outros vão mais além, acusando o comedor de cenouras de ter vendido seu corpo ao capitalismo e ter desvirtuado o verdadeiro significado da data.

Por fim, surgem os nutricionistas, acusando o coitado de colocar no mercado ovos transgênicos com um cacau modificado em laboratório para viciar os pequenos. Com tudo isso em vista, publico aqui uma mensagem que recebi do citado, se defendendo das acusações e colocando alguns pontos para reflexão:

Prezado Cappelli,

De minha toca, degustando uma cenoura, acompanho o que vem sendo dito sobre mim pelo meu tablet. Já até mandei um imeioul alertando o Papai Noel, dizendo pra ele tomar cuidado, que os tempos mudaram e que ele avise paras as renas que, se os pedidos diminuírem, poderá acontecer um corte de pessoal. Sugeri também que, pelo andar do trenó, é melhor que ele emagreça. Não ficarei espantado se dentro em breve surgir uma campanha contra seus quilos a mais, o que poderia ser um péssimo exemplo para crianças com cada vez mais problemas de obesidade. #fica a dica.

No meu caso, é com grande espanto que assisto ao pulular de opiniões, o que me faz mexer o bigode dez vezes mais que o de costume, parece até um tique. Uma corrente me acusa de estar doidão e achar que coloco ovos de ouro com preços acima do mercado. Ora, meu amigo, todos sabem que o produtor é o que menos lucra no mundo dos negócios. Digo e repito: eu boto o ovo. O Homem bota na prateleira.

E se acharem melhor eu posso também colocar um ovo em barra, tranqüilo. Assim resolvo o problema dos que acham que não devem pagar mais pelo formato. Se existe carne de soja, que não é carne, não vejo nada demais. “Olha a barra de Páscoa!” Por mim, tudo bem. É só anunciar que são ovos de Páscoa prensados e estamos resolvidos. Como vocês humanos vão explicar isso pros seus filhos aí já não é comigo. Vão mostrar um retângulo e o menino vai falar: ovo! Daí pra terapia é um pulo.

Aos mais inflamados, que acham que eu transformei uma data sagrada em festival profano, que utilizo meus ovos para incitar criancinhas indefesas ao consumismo desenfreado, sugiro comprar ovos, ovais ou em barras, mais em conta. Ou então esperem passar a data para se deleitar na promoção dos ovos em cacos, um outro formato possível. Digo e repito: eu boto o ovo. O Homem bota o preço.

Aos que acham que o chocolate só engorda e que as crianças não devem comê-lo neste dia, somente nos outros 364, tudo bem, eu entendo. Sugiro ovos mais nutritivos, ovos verdes sabor brócolis ou ovos orgânicos de pepino e agrião. Digo e repito: eu coloco o ovo. O Homem coloca a caloria.

No futuro já imagino as crianças ganhando ovos de isopor, reciclado, é claro, que ao serem abertos trarão a surpresa: barrinhas de cereais. Pronto: vai ficar barato, não vai engordar e os pais poderão desfrutar do imenso amor que os filhos darão após serem agraciados com este ovo de grego. Digo e repito: eu coloco o ovo. O Homem coloca a neura.

Perdão pelo desabafo prolongado, amigo, mas meu pelo já tava até caindo de estresse. É difícil levar a culpa dos males do mundo sozinho.

Abraço,

Ricochete.

domingo, 18 de março de 2012

Paródia machosférica

Vinícius casou muito e teve filhos. Mas esta seria a letra se tivesse gêmeos:


Era uma casa, muito arrumada
Paredes brancas, roupa passada

Eu via o jogo, na televisão
Gritava alto, um palavrão

Até podia, comer tranquilo
Ir ao banheiro, fazer aquilo

Até podia, ler um jornal
Sem procurar, Ninho Integral

Era mantida, sem muita força
Nasceram os gêmeos, que Deus me ouça.

sexta-feira, 16 de março de 2012

Os 10 mandamentos do bom "namoro"

Você está cansada, seu marido está cansado, a casa tá cheia de brinquedo espalhado, a roupa por lavar, por passar, pela casa, pelo banheiro, a louça na pia, os filhos chorando, brincando, dançando, o telefone tocando, a tv falando, ninguém escutando, a fralda tá cheia, o hipoglós perdido, o cabelo por cortar, a unha por fazer, olheira. O dia é curto, o salário é curto, a paciência encurta, o cansaço aumenta, as contas aumentam, a voz aumenta. É hora de dormir, é hora de chorar, é hora de manha, de estresse. Dormiu. Se benze, agradece, respira, diz que assim não dá, faz o que quiser, mas não se esqueça que ainda é preciso "namorar". E aí, meus amigos e amigas, depois desta epopéia, ter estratégia e seguir um plano de ações bem elaborado é fundamental pra que se consiga êxito. 

Ofereço-lhes hoje os 10 mandamentos que vão mudar a sua vida. Se você tem mais de um filho pequeno e não possui empregada e/ou babá que durma em casa pegue lápis e papel: seus problemas acabaram!

1- NADA DE LIVROS
Pensem bem, meus amigos e amigas, se vocês se presentearem com um livro, a única hora pra ler vai ser quando? Quando? Isso mesmo. Aí na segunda linha  um ou outro já vai estar babando e babau "namoro". Até porque nessa altura do campeonato, você já entendeu que estes livros não servem pra nada, principalmente se você tiver gêmeos ou mais de um pequeno em casa.

2- PRELIMINAR É PROS FRACOS
Amigo(a)s, se você resolverem jogar a preliminar, aumentam os riscos do jogo principal ser interrompido pelo grito da galera. Além disso, se fosse muito, mas muito importante mesmo, não se chamaria preliminar. Deixe pra disputar esta partida quando o campo for neutro.

3- CAPRICHA NO MUCILON
Na hora de dormir, façam um leite com Mucilon reforçado, Multi Cereais de preferência. Como ele tem uma digestão mais demorada, vocês terão mais tempo pra "namorar". O ponto certo é quando você estiver mexendo e o leite não fizer mais redemoinho. Cuidado que depois disso ele vira um concreto, dá até pra construir uma casa.

4- DESLIGUE O COMPUTADOR
Se ele ficar ligado, já era. Um dos dois vai pra lá e o outro dorme. Como não queremos deletar o "namoro" é melhor evitar distrações.

5- DEIXA O KAMA SUTRA NO LIVRO
O tempo é curto e não comporta muita diversidade. Aposte na satisfação garantida sob o risco de não conseguir nem se levantar/desatarraxar/desembolar caso um filho chore. Aqui, sem tempo, menos é mais.

6- UM TAPINHA NÃO DÓI
Mas faz barulho. Evite pois isso causa uma reação, como toda ação, e pode descambar pra uma selvageria que vai acordar não só seus filhos, mas o prédio inteiro.

7- PONTO ESTRATÉGICO
Lá que a camisinha deve estar. Não dá pra sair procurando pelo escuro ou em outro lugar. Deve estar ao alcance da mão, malocada na fronha do travesseiro ou embaixo do lençol. O quê? Não usam? Cês são malucos, já dei minha contribuição pra humanidade (e pra UNIMED). E não se esqueçam que ela tomava injeções mensais de anticoncepcionais, só pra botar terror.

8- ÓLEO NO PARAFUSO
O que vocês querem é nheco-nheco e não nhec-nhec. Isso pode acordar as crianças.

9- CAMA LIBERADA
Certifique-se de que não existe nenhum brinquedo na cama ou nas redondezas que possa ser acionado com um esbarrão. Principalmente aqueles que não desligam de jeito nenhum, nem à paulada. Vocês lá namorando, o brinquedo falando "oi, me dá um abraço?" ou então um daqueles maldit, quer dizer, bonitos instrumentos musicais que basta um toque pra eles dispararem e emendarem dezessete músicas seguidas. Ninguém merece. Façam uma averiguação anterior e pronto, nada de parar pra espancar ou sufocar com o travesseiro um brinquedo.

10- NÃO É FINAL DE CAMPEONATO
Avisa ao maridão pra se comportar no final e faça uma ameaça: se eles acordarem, ele que vai levantar. Deixa pra urrar/gritar quando for gol do título.

Seguir estes passos não garante nada, mas aumentam as chances de vocês "namorarem" e acordarem no dia seguinte com disposição pra aguent, quer dizer, curtir tudo novamente com seus filhos rsrsrsrs.

terça-feira, 13 de março de 2012

D.O.P.A.M


Esse é Macho!

Queridas amigas, companheiras, acionistas majoritárias e demais membros do conselho, nós sabemos que só mulheres lêem este blog com, quem sabe, uma ou outra espichada de olho do maridão pra conferir se é isso mesmo. E isso me incomoda, não porque eu tenha a intenção de tê-los mais perto de mim, pelo contrário, sou espada, mas simplesmente porque a linguagem primitiva e tosca do hominídeo paterno pode contribuir de maneira espetacular para que a experiência da maternidade seja compreendida de fato.

Ainda que a mulherada esteja dominando o mundo e que as produções independentes sejam cada vez mais numerosas, nunca, nunquinha nessa vida, elas se tornarão mães sem que dependam de nós. Isso é fato e mostra pra muitas a fragilidade do conceito de independência. Vocês podem tentar de tudo, mostrar foto dele no bloco das piranhas caracterizado de viúva Porcina, vídeo dele recebendo dinheiro e guardando na cueca, cuspindo em mendigo, batendo em velhinha, o diabo, não importa: eles um dia irão querer saber quem é seu pai. Se vão gostar dele ou não, são outros quinhentos, mas a necessidade de saber a fábrica de onde nossas peças saíram é inerente ao ser humano e mais forte, pra desespero daquelas que tentaram de tudo para transformá-lo num crápula.

Após esta rápida introdução, que pode ser definida como uma mistura de linguagem coloquial e lição de moral, farei o que de fato iria fazer: começo hoje a organizar o D.O.P.A.M – Dicionário Oficial do Pai Macho que vai dar os verdadeiros significados daqueles termos estranhos ao mundo machosférico e que, por vezes, as mulheres utilizam como código para que vejam se estamos por dentro do que se passa com nossos filhos. Esta compilação, como todas vocês já sabem, serve somente aos líderes de manada, machos dominantes, que não comem mel, mastigam abelha, que não tomam leite, torcem a vaca, que não compram calabresa de jeito nenhum e, por fim, saem correndo quando avistam uma barata. Seguirei a ordem dos acontecimentos e avançarei com os termos conforme a idade. Peço que me enviem contribuições de termos, para que eu possa ressignificá-los de acordo com o DOPAM.

MECÔNIO: são as primeiras fezes do bebê. Uma espécie de graxa, sei lá, um sabão pastoso neutral, uma geleca. Depois você vai sentir saudades dela pois não tem cheiro.

COLOSTRO: Chopp sem colarinho. É uma saladinha antes de entrar na feijoada.

PEGADA: faz o seguinte: pega o desentupidor da pia, coloca no mamilo do seu marido, aperta e puxa. Ele vai entender.

FUNCHICÓRIA: cachaça em pó, uma espécie de maravilha curativa. Serve pra tudo, da cólica ao mau-olhado, da frieira ao verme.

BICO DE SILICONE: Se o peito é, o bico deve seguir o padrão sob o risco do nenê perder a pega.

NANA NENÊ: livro onde o capeta, junto com belzebu e o cramulhão, ensinam como fazer seu filho dormir.

Depois tem mais edições. Aguardo as sugestões.

quarta-feira, 7 de março de 2012

Fra x Flu

Hoje vamos falar de um assunto extremamente delicado, de importância fundamental na vida da família e, quiçá, fator determinante nas relações futuras entre um pai e seus filhos: a escolha do seu time de coração. Muita gente fala que o importante é ter saúde, ser bem sucedido, amar ao próximo ou qualquer outra coisa que derive dos dez mandamentos. Pra mim, sinceramente, na boa, cá entre nós, se eles não torcerem pro mesmo time que eu não vale de nada.

Aí você fala: "Ih, ah lá, Cappelli tá mostrando seu lado fascista e ditatorial". Nossa, você é muito inteligente! Parabéns, eis aqui um tricolor fanático. Para um pai que gosta de futebol, o maior castigo do mundo, pior que viver com um Oxiúros até o suspiro final, é não poder torcer ao lado do seu filho, não ter o prazer de levá-lo ao estádio e de vibrar e chorar com as vitórias e derrotas. Eu já falei pra minha querida Giullianna que serei infeliz  o resto da vida se o Thomaz não for Fluminense. A Sophia pode ser até Bangu. Pronto: agora pode acrescentar ao fascista e ditatorial o termo machista. Vamos ver como vai ficar até o final do texto.

Meu querido sogro, gente boa toda vida, embaixador do Rio de Janeiro em Alagoas, fez a árvore genealógica da sua família com urubus representando cada um. São flamenguistas, todos eles, sem exceção. Não é a toa que todos os seus seis filhos são flamenguistas, uns mais doentes, outros menos mas, enfim, fazem parte da mulambada. Ele fez até um Power Point sobre o FRAmengo que leva uma semana pra você ver todos os slides. Tem até uma cerimônia pra hastear um bandeirão do FRA num mastro gigante na casa dele todo domingo, virou até atração turística. Já minha distinta e aristocrática família tem origem italiana, como denuncia meu nome, e desde o nascimento todos estamos sobre o manto tricolor. Minha mãe, acreditem se quiser, ia nos jogos conosco e não hora que a torcida entoava o canto que terminava com um estrondoso "VAI TOMÁ NO CÚ" ela me olhava de rabo de olho e cantava "VAI COMER ANGÚ". Íamos todos aos jogos, família unida, menos minha irmã ovelha negra que dizia que era Flamengo só pra afirmar sua identidade juvenil de contestadora.

No gol de Barriga do Renato Gaúcho em 1995, eu estava lá no Maraca. Assim que a bola estufou as redes eu me joguei das cadeiras pra extinta geral. Perdi meus chinelos e joguei minha camisa fora, enlouquecido. Voltei gritando sozinho pelas ruas só de bermuda, rouco, alucinado. Acho que ficaram com medo de me bater achando que era um maluco porque caminhei uns 30 minutos zoando todos os flamenguistas que encontrava pela frente. Minha singela esposa, pra não ficar atrás, já correu na direção da Mancha Verde pra tirar satisfação e quase agrediu um PM no meio da Torcida Jovem, porque ele esbarrou no meu amigo que mandei pra tomar conta dela. Lugar preferido dela no maraca? A chamada faixa de gaza: o corredor que fica entre a Raça e a Jovem que, jogo sim, jogo sim, saem na porrada.

Enfim, imaginem o problema. Meu argumento contra qualquer tentativa de meu sogro de assediar as crianças é inapelável: deixe-me fazer meu trabalho, do mesmo jeito que você fez o seu. Não me prive da felicidade que você sente vendo todos os seus filhos vestidos com este pano de chão. Caso contrário, nunca mais venho te visitar e ainda falo para as crianças que "vovô foi morar com papai do céu" e pronto, assunto encerrado. Sim, meus caros, o maior perigo é o avô, sempre. Na maioria dos casos são eles que levam nossos filhos pro lado negro da força. Tem também aquele tio, que deu pra eles camisas do Fra que, não sei como, sumiram lá de casa. Troço estranho...

Meu afilhado virou tricolor e eu não achei bom. Seu pai é Flamenguista e ficou muito triste com a escolha, acho que isso não se faz. Porra, mas quem mandou ir morar em laranjeiras? A mulher de outro amigo, tricolor também, virou pra ele e falou "você prefere escolher o nome ou o time do nosso filho"? Só uma mulher pode fazer uma pergunta dessa. Pode se chamar até Maicoul Francisco Craytton, dane-se, vai ganhar um apelido rápido, mas tricolor é pra vida toda.

Meus amigos, em sua maioria flamenguistas, compreendem isso. Sabem muito bem que não podem e não devem tentar falar gracinhas sobre o Fra lá em casa ou em qualquer outro lugar, sob o risco de até cortar relação, ou pior, esperar eles procriarem e infernizar a vida do moleque até ele virar tricolor. Eles sabem disso, tem medo e, além do mais, sabem o que é gritar gol pulando agarrado ao seu filho, pois fizeram  isso com seus pais. Time não se escolhe, a não ser que pra você o futebol seja apenas onze homens correndo atrás de uma bola.
O quê? Você acha que escolheu o seu ???