Dando um rolé por aí, vi lá no Mamatraca, site sangue bom da blogosfera materna, que tinha um texto falando das mães ripongas e das mais modernas. Como lá é um espaço sério, creio que não cabia uma avaliação mais real dos fatos, tendo em vista que alguma mãe se sentindo atacada poderia acionar os “anonymous” e acabar com a brincadeira. Imagina a cena: você clica no vídeo e tá a Carol Passuelo mostrando como surgiu o nome do seu blog. Aí aparece ela tomando um sangue de boi, o Cabernet Sauvignon da periferia, numa roda com amigos compartilhando uma perninha de grilo e dizendo: “vinhos e viagens, não preciso de mais nada”. Ou então outro, contando a verdade sobre a Anne, dizendo que ela teve mais um filho só porque estava ficando sem assunto? É o que eu digo, maluco: hoje, quem tem CpU, tem medo.
Mas eu, bicho solto e comprometido exclusivamente com a realidade dos fatos, traçarei aqui o verdadeiro perfil destas mães, um raio-x, melhor, um ultra-som da personalidade destas que, em lados opostos, comportam-se muitas vezes como israelenses e palestinos. Eis o perfil das ripongas e das modernosas, por eixo temático.
Vamos ter um filho?
A Riponga reflete. Pensa nos descaminhos do mundo, em Hiroshima e Nagasaki, no desmatamento da Amazônia e chega a pensar que seria mais uma pessoa pra sobrecarregar a já tão extenuada Mãe Gaya. Como ela tem sempre o “ou não”, acredita que tal como as estações, ela também deve seguir o rumo natural das coisas, gestando um filho como a terra gera um fruto, criando o rebento para no futuro se alistar no Greenpeace.
A modernosa faz conta. De quanto isso vai custar, de quando teria que tirar férias, de quantos parentes teria que recrutar e como isso iria abalar sua rotina. Liga pras suas amigas e recebe um “tá louca?” quando pede uma opinião. Após fazer uma planilha no Excel com tudo incluído até a festa de 15 anos ela reluta. Aí consulta sua carteira de identidade e vê que pela data de nascimento já tá com 35. Entra na internet e já olha as lojinhas de Miami.
Como vai nascer?
A riponga dá um rodopio de braços abertos, fecha os olhos e já imagina a cena claramente na sua frente. Ela no meio da mata, com todos os bichos e parentes em volta, o sol nascendo e os pássaros cantando. Ela se agarra a um jequitibá centenário assim que sente as primeiras contrações, pedindo força aos elementos da natureza. Ao lado, uma pequena piscina de água da cachoeira, onde ela trará ao mundo sua cria, pra que ele não sinta tanto a mudança de ambiente. (Isso sempre me intrigou. As mães que tem o filho em banheiras sob o argumento de que é melhor fazer esta transição. Uma hora eles terão que sair da água, não? Ou ao invés de um berço vão comprar um aquário???) A criança nasce e ela se sente como o macaquinho macumbeiro Rafiki do Rei Leão: levanta com os braços e apresenta como o mais novo ser do ecossistema.
A modernosa já leu tudo sobre cesariana e já orçou as possíveis cirurgias reparadoras, inclusive com o tempo necessário no SPA pra se livrar do peso a mais e do estresse. Pensa em inclusive sugerir uma dose extra de peridural, porque tem pavor de sentir alguma dor. Imagina uma sala extremamente equipada, com profissionais que trabalharam com celebridades e que saem na revista Caras. Seu sonho mesmo é que tudo fosse comandado pelo House. Pede pra sua mãe que está em um cruzeiro pela Europa para trazer lembrancinhas e, se possível, a Galinha Pintadinha cantando em inglês, The Chicken Painted. Começa pedir as amigas indicações sobre alguma Doula, que já possa acompanhá-la desde agora.
Tá ficando enorme rsrsr. Essa semana continuo... O Suspense faz parte.