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Cada um coça do seu jeito |
Hoje pela manhã li o texto da Juliana, que tem mais de 30, falando mal da arte milenar de coçar o saco. Na minha condição de macho alfa e líder de manada não podia deixar que essa análise preconceituosa e desprovida de respaldo científico ficasse sem uma resposta, na verdade um contraponto, necessário para a formação de opinião. Pra quem gosta de Marx, farei aqui o que ele chama de análise dialética: Ela fez a sua tese (afirmação ou situação inicialmente dada), eu farei a antítese (oposição à tese) e vocês façam a síntese (nova tese). O Velho barbudo levou uma vida e trocentas mil páginas pra explicar isso, mas se fôssemos fazer uma cola pra prova isso bastaria. Pelo início vocês já viram que vou entrar de sola.
Poderia eu tentar enquadrar esta prática dentro da história dos costumes, mostrando que esta ação é, na verdade, uma afirmação masculina, uma demostração social de sua potência viril e de sua capacidade latente de procriação. Como costume seria então parte de um sistema social próprio e inerente a determinado contexto específico, o mesmo que explica que era normal dar aquela escarrada grossa e carregada nas escarradeiras espalhadas pela residência, tão bem retratadas no clássico Casa Grande e Senzala, de Gilberto Freire. Um outro clássico, A História da Vida Privada, está cheio de nojeiras que eram bem recebidas e que hoje nos causam ojeriza. Ainda assim, não seguirei este caminho.
Poderia eu argumentar que, utilizando a história social comparada, poderíamos encontrar no comportamento feminino práticas que obviamente não seriam parecidas, por questões anatômicas, mas que simbolicamente desempenhariam a mesma função. A mulher ao jogar seu cabelo incessantemente de uma lado para o outro, pode carregar na sua mão caspa, piolho, seborréia, um creme fedorento, formol, tinta ou qualquer outra intempérie que possa repousar no seu couro cabeludo. Ainda assim, abraça suas amigas, apertam a mão uma das outras e acham que isto é a coisa mais normal do mundo. E olha que colocam a mão diretamente na moléstia, sem proteção alguma como no nosso caso a bermuda e a cueca. Ainda assim, não seguirei este caminho.
E aqui vai a explicação para o que a mulher sente: ela projeta na ação de coçar o saco uma infinidade de doenças e pragas incrustadas inconscientemente na sua forma de pensar pela visão cristã do sexo, de ferramenta do diabo. Elas não sabem disso, mas projetam odores escabrosos, gosmas descabidas e outras esquisitices ainda que, contraditoriamente, se refestelem no dos seus maridos e namorados, muitas vezes praticando o sexo oral. Acredito que, na maioria dos casos citados, tais sacos coçados não sejam de mendigos que não tomam banho a trinta e cinco dias ou mesmo coabitem com DSTs alugando sua região baixa por alguns trocados. Se estamos tratando de gente limpa, sadia e com a higiene local em dia, não se justifica tamanha sensação de nojeira.
Aí você fala: "ah, então o cara coça o saco e vem te apertar a mão e você nem liga?" Pera lá, sou espada e não fico manjando. Na verdade, não pensamos acerca disso e, portanto, isso não nos preocupa. A coçada é natural, inconsciente e, na maioria das vezes, serve para ajeitar nosso camarada que pode estar mal acomodado, seja por estar do lado que não costuma ficar, prendendo na cueca, agarrado em um pentelho ou coisa que o valha. O cara tá na pista. Fica com uma mulher. Dá um beijo. O clima esquenta. A barraca arma. É óbvio que vamos precisar acomodá-lo porque ele passou a ocupar um espaço que antes estava vazio. Agarrou no bolso da cueca ou se embolou nos pubianos esticando-os e causando uma dor terrível. Vai então aquela ajeitada. Por fim, um conceito básico: se vale pra todo mundo, não vale pra ninguém, ou seja, isso pra nós não existe.
Não se iludam: todos os homens que vocês amaram, amam e amarão ao longo da vida, pais, avós, filhos,maridos, namorados seja lá quem for, coçaram, coçam e coçarão o saco. Incomodada ficava a sua avó, porque seu avô tenho certeza que não.