quinta-feira, 30 de junho de 2011

Deprê animal

Só escutei quando ele disse "não aguento mais isso"...
Vai dizer que você achou que eu tava tristinho, choramingando pelos cantos, querendo arremessar algum objeto pela casa num dia de fúria? Quem me dera! E depois, pra quebrar alguma coisa lá em casa precisa primeiro disputar com as crianças...

Quem é pobre e tem gêmeos não dispõe de tempo pra isso, rapá! Quando você reflete sobre a depressão e seus benefícios espirituais e introspectivos, para melhor compreensão do seu eu interior e de suas questões existenciais, percebe que tem dois cocôs vazando, uma criança chorando, a panela queimando, o telefone tocando e, como se não bastasse tudo isso, as contas chegando.  O sujeito pra ficar em depressão precisa de tempo, compreende? Precisa ter alguém disposto a escutar suas lamúrias, de um ambiente bucólico, de uma tosse tuberculosa e de um livro do Nietzsche na cabeceira.

Tempo você não tem, o ambiente tá mais pra pós-Katrina do que pra quintal do Lord Byron. Seus amigos já estão rareando nas visitas porque perceberam que quando eles chegam é você que vira visita, a tosse não pode ser forte pra não lançar perdigotos nas crianças ou acordá-las e, por fim, deixa um livro na cabeceira lá de casa pra você ver o que acontece....

Tudo isso pra dizer que fomos ao Zoo aqui do Rio e fiquei um tanto decepcionado. Não pelas crianças, claro. Sophia dava beijo e tchau pra todos os animais antes de trocarmos de espécie e Thomaz teimava em querer entrar em todas as jaulas, provavelmente pra roubar a comida dos bichanos. O que me incomodou, profundamente, foi o olhar daqueles animais, melancólicos e deprimidos, todos com cara de "o quê eu fiz pra merecer isso?"

O leão, tadinho, deitado de barriga pra cima e dormindo, era acordado aos berros dos visitantes que queriam fazer uma filmagem ou foto. Tudo isso ao lado da placa "respeitem o sono dos animais".

O Elefante, que tenho certeza que deve ser ela, parecia aquela dona de cabaré de quinta, velha e gorda, amargurada e lembrando dos seus tempos de rainha do baixo meretrício. Quando me olhava parecia pedir socorro. E um cigarro.

Os pinguins trancados num quartinho com ar condicionado eram metralhados por flashes de pais ensandecidos que empurravam as crianças para o melhor close.

Os macacos comendo uma banana blasè.

O Tigre siberiano, imenso, parecia tão adaptado quanto eu a uma cadeira de bebê.

Enfim, ainda que um bom programa para as crianças parece péssimo pros animais.

E olha que estou longe, muito longe de ser membro do Greenpeace ou vegetariano, hein?




quarta-feira, 22 de junho de 2011

Blog possuído

Vi lá no Feicibuque que a Carol Passuelo do Vinhos e Viagens não está conseguindo comentar aqui. Jemima do VU (minha revisora ortográfica, se encontrarem algum erro no texto reclamem com ela rsrsr) vira e mexe também não consegue.

Parece que o blog foi abduzido por uma força maligna que impede as pessoas de bem de fazer seus comentários. Distante que sou da tecnologia, convido todos a se juntarem em uma corrente de oração para que estas almas alcancem o caminho da luz e deixem os vivos se manifestarem.

Por via das dúvidas faço um apelo: Carol e Jemima, comprem um galho de arruda e passem pelo corpo. Depois peguem um pouco de pipoca e pisem em cima. Juntem tudo em uma sacola e despachem. Só pra garantir kkkkkkkkkkk

Tô ligando agora pro Quevedo.

terça-feira, 21 de junho de 2011

Fome de pai pra filho


Parece que come desse jeito???

Cumpádi, o bagulho é louco, a parada é sinistra ou então, aos mais engomadinhos, a situação é cada vez mais periclitante. Ando deveras preocupado com o Thomaz, ou melhor, com a fome de 8 mendigos e 4 elefantes que ele parece sentir. Depois de comer uns 3 baldes de sopa ou comida, ele ainda arremata brincando uma caçamba de gelatina. E aí você pensa: "agora este guloso está satisfeito". Vai lá na cozinha e prepara seu pão com queijo ou então quele PF cheio pra comer tranquilamente vendo as principais tragédias do país e do mundo nos jornais da noite. E quando você senta pra comer...."Dá dá dá Huuuuuuuuum huuuuuuuum" seguido de puxões no braço e ataques de cólera se tratado com indiferença. Basta o garfo encostar na sua boca que já sai com aquele sorriso de Sílvio Santos, balançando a cabeça de um lado pro outro numa caricatura de Stevie Wonder.

Os que me conhecem não se espantam, visto que sou uma draga. Do alto de meus 1,95 até a comida chegar no dedão o trajeto é longo, o que acaba justificando a fome. Além disso, meu metabolismo parece ser uma máquina que tritura qualquer coisa em que serpenteia pelo meu estômago em segundos. Semana passada, 1:30 da manhã estava fazendo um miojo master, um não, dois porque um não dá nem pro início. Depois de pronto você joga requeijão, despeja o pozinho de galinha caipira e coloca os nuggets por cima como cereja no bolo. Chego a salivar kkkkkkkkkkk. Em meus tempos de UFF almoçava e jantava no bandejão. Como a janta era muito cedo, 19hs, todo dia comia um podrão na praça, aquele X-tudo tradicional da noite carioca. Todo dia. A mãe de uma ex-namorada me obrigava a fazer exame de vermes a cada 6 meses por não acreditar que aquele apetite pudesse ser natural e também pra ver se as compras do mês sobreviviam mais tempo ao namorado esfomeado da filha que vivia abrindo as panelas rsrsrs

Costumo dizer que o primeiro prato é pra me acalmar e o segundo, aí sim, pra degustar. Quando a comida é boa fico igual cachorro abanando o rabo, só que mexendo as pernas.  Mesmo assim, nunca consegui passar de 88kg. Já tentei até dieta pra engordar e nada. Pra ganhar é um inferno, mas se comer mal um dia já emagreço na hora. Enfim, tudo isso pra dizer que sim, parece que ele puxou o pai. A fome do pai e o olho grande da mãe rsrsrs, aí já viu. E ainda tem o tio, irmão da mãe que, não me contaram, isso eu vi, toma de café da manhã um prato fundo arroz com quiabo antes de ir pra praia. Costumo dizer que ele sente o gosto da comida na garganta, tamanha a rapidez e a quantidade que come.

Se ele é gordo? Não. Se eu sou Gordo? Não. Se o Thomaz é gordo? Não. Se alguém em nossas famílias é gordo? Não. Se eu estou caminhando a passos largos de encontro à falência? Sim.

Lá em casa quando o almoço é de potinho da Nestlé (geralmente só no final de semana) são quatro, isso mesmo, quatro daquele médio com pedaços. Pra janta mais quatro. Isso tudo tirando as gelatinas, sucos e frutas dos intervalos. O Horti-fruti já foi até terceirizado pra avó. Ah, ainda tem o biscoito de maizena e polvilho, que serve de petisco-chupeta. E não podemos esquecer, é claro, das três mamadeiras noturnas. Anteontem, após ele traçar 250ml com Mucilon, ainda roubou a da Sophia na caraça e arrematou: 500ml! É claro que nos preocupamos, que ficamos pensando isso e aquilo. Mas se ele está saudável, no peso certo e com todos os exames e vacinas em dia, não vejo motivos pra se preocupar. Vai ver que passamos fome junto em outras vidas e viemos agora unidos novamente rsrsrsr

A minha sorte é que aqui do lado de casa, bem na esquina, tem uma loja de ração. Eu costumo dizer que nesse ritmo vou começar a dar Biriba, uma bem gostosa e barata rsrsrsrs. Eu mesmo já comi Bonzo quando criança e não tenho nenhuma reclamação rsrsrsrsrsrsrrsrsrsrsrs

De cara não é muito parecido, agora de estômago é fome ao quadrado!

sábado, 18 de junho de 2011

Bebê Oculto


Eu não sei vocês, mas sempre achei muito estranho este negócio de amigo oculto. Particularmente, gosto de escolher pra quem eu vou dar um presente, ainda que seja muito raro rsrs. Mas como não participar é um atestado de mesquinharia ou de coisa pior, normalmente não temos como fugir. Você tira aquele maluco que você não vai muito cara e na hora precisa falar algo de bom e abraçá-lo, espontâneamente!  Você dá uma garrafa de vinho show de bola e ganha o DVD pirata do Calcinha Preta (ao vivo).

Minha família faz um todo natal, com regras mirabolantes que minha prima precisa explicar todo ano, tendo em vista o adiantar da idade de alguns e a sequela dos mais novos, com especial atenção para este que vos fala. Esta atualização também é necessária porque as regras amigocultescas podem sofrer mudanças no decorrer do ano, tendo em vista a reunião de diretoria oculta que acontece em lugar não divulgado.

Antes de começar ela explica. O amigo oculto é sorteado na hora, então os presentes devem ser unissex. Os presentes ficam todos em cima da mesa. Quando eu tiro fulano, ele vai lá e escolhe, de acordo com sua intuição, o que ele acha maneiro. É claro que alguns pacotes são blefes pra confundir quem escolhe. Pegou o presente. Tira seu papelzinho e minha amiga oculta é... Ciclana. A ciclana pode escolher um presente da mesa ou roubar o que o Fulano pegou. Aí começa a sacanagem. O presente só passa a ser seu se ninguém achar interessante ou então após você ser roubado duas vezes, depois disso não podem mais te surrupiar. Em suma, começa meia-noite e vara a madrugada, uns roubando de sacanagem, filhos roubando pra devolver o presente da mãe porque viram que ela tinha gostado, outros filhos roubando pra que o pai tenha sucesso na sacanagem, pais roubando pros filhos, um bacanal total em clima de Ho, ho, ho.

É óbvio que o primeiro ano foi um fracasso, com presentes que iam de toalhas a potinhos de plástico. Institui-se então o valor mínimo, o que não mudou muita coisa já que existem muitas coisas horrendas que podem ser compradas por R$20,00. Nosso núcleo familiar então começou a comprar livros, o que foi seguido no ano seguinte e melhorou a qualidade dos presentes. Ainda assim, mesmo alguns não tendo lido nunca nem uma orelha, o barato era roubar.

No último amigo oculto levamos as crianças e ficamos fora do sorteio, já que o avançar da hora não permitia nossa participação. Mas nem por isso deixamos de participar de um. Minha mulher me comunicou que as crianças estavam inscritas no bebê oculto das suas amigas da lista de internet, todas com filhos pequenos. Indaguei logo com seria o sorteio e ele me mostrou um mecanismo que faz isso pela internet, lugar também onde os pais já deixavam suas indicações de presente. Como não poderia deixar de ser o prejú é ao quadrado, já que temos que comprar dois presentes.

Tudo marcado, chegamos ao local combinado, um tradicional parque com verde. Como íamos de táxi e morávamos um pouco mais longe, saímos mais cedo pra chegar na hora. Pra variar não tinha ninguém lá, ou melhor, acho que não.

Enfurecido por ter que acordar cedo e preparar as coisas com se fôssemos ficar uma semana fora, incluindo aí colocar dois carrinhos transformers dentro de um Táxi e sem ninguém nos acompanhando, percebo aquela cara de paisagem da minha mulher. Começo a perguntar se ela já estava vendo alguém do grupo, pra podermos montar acampamento. Aí ela vai me enrolando, e eu pressionando, e ela me enrolando, até que ela entrega: não sabia dizer se alguém já estava lá porque ela só conhecia as meninas pela internet!!!!! Minha reação foi imediata: "O quê???? Tá de sacanagem??? Tu nunca viu estas pessoas???" Era o início então do primeiro bebê oculto, literalmente oculto.

Resolvemos então nos alojar e deixar as coisas acontecerem, já que não havia lugar marcado e não sabíamos quem eram as pessoas. Mas sendo gêmeos, tínhamos uma vantagem de sermos descobertos ao invés de ficar pelo parque abordando as mães com filhos pequenos: "É bebê oculto? É bebê oculto?" Passa o tempo e pelo mesmo fenômeno que você encontra seu amigo num maracanã lotado com 80 mil pessoas sem marcar nada, os presentes foram reunindo os participantes, já que ninguém se conhecia pessoalmente. Conversa vai, conversa vem e eu fanfarrão começo a contar que as crianças estavam na fase de roer tudo, que os móveis lá de casa estão todos com marcas de dente e piriri, poróró. Sinto então que os semblantes não acompanham minha história.

 Aí pergunto: "os filhos de vocês nunca fizeram isso?" E naquele misto de silêncio e "aaaaaaaargh, eles comem madeira" todos responderam negativamente com uma cara de "meu filho não, Deus me livre". Aposto que depois quando fomos embora rolou um "caraca, tu viu? As crianças comem madeira, deve ser doença". E não se enganem: até hoje eles roem a casa, com especial predileção pelo braço da cadeira de balanço do falecido vô Didi que repousa em nossa sala. Deve ser uma madeira nobre, se bem que eles curtem também um MDF.  Acho que já não é nem mais dente coçando, já virou um vício mesmo, como a palha no canto da boca e coisa e tal. Tem vezes que eles ficam no braço da cadeira como se estivessem comendo milho, vai roendo até em cima, voooooooooooolta, vai roendo até em cima, voooooooooolta e as vezes os dois juntos, em sincronia.

Como combinado, todos levaram um lanchinho e por aí tentamos interagir. Sempre tem aquele bolo triste que de tão feio ninguém toca, aquela guloseima que todo mundo voa e uns petiscos. No final, beijos e abraços pra todos os estranhos que conhecemos e nem sabemos se gostamos ou não, afinal, em duas horas ninguém deixa de ser oculto.

E terminamos na frente do parque com dois carrinhos, as crianças no colo e as bolsas penduradas. Não dava nem pra fazer sinal pro Táxi. A água que compramos foi a moça da barraquinha quem serviu, porque não conseguíamos abrir. E é claro que, pra facilitar, as crianças só queriam beber no gargalo...

Eu sou do tempo em que bebê oculto era esconder gravidez.

Fala sério! (ao quadrado)


quarta-feira, 15 de junho de 2011

Simples assim

Amigo, acompanhei os comentários aqui no post da Odete e cheguei a uma conclusão: mulher não tem paciência pra mulher. Tem um caso que inventei e sempre conto, obviamente machista, mas sem ser militante, que exemplifica bem esta relação. A mulher chega no salão de beleza e encontra a amiga:

- Miiiiiiiiiga, porque você está aqui, linda desse jeito?
- Eu linda? Quem me dera ter sua cútis e essa sua pele maravilhosa.
- Nossa, cada vez que eu te vejo parece que você está mais nova!
- Obrigada amiga, meu sonho é ter esta sua carinha de 16 aos 40.

Conversa vai, conversa vem, elas se despedem. A que fica no salão comenta:

- Você vê, né, menino, pode ter todo o dinheiro do mundo que quando a natureza não quer ajudar não tem Avon que dê jeito. Viu que ela tentou disfarçar o pé de galinha com um pozinho? E o cabelo dela? Tinha tanta ponta que parecia aquelas serpentes da medusa, se olhar direto corre até o risco de virar pedra!

A que saiu, pega o celular e liga pra uma colega em comum dos tempos de escola:

- Menina, tu não sabe quem eu encontrei agora no salão, acabada, com a sombrancelha torta e com uma tinta na cabeça que parece que ela passou debaixo de uma obra e o pintor deixou o rolo cair no seu côco. A Marluce! Pois é, acabadinha, logo ela que tinha aquela banca toda com os meninos do ginásio. Eu sempre falei que aquela beleza não ia durar pra sempre e parece que minhas palavras ecoaram.

Agora a mesma cena. Dois homens. O primeiro entra e vê o amigo:

- E aíííííííííííííííííí seu viadinho, tu é uma bicha mesmo, esondidinho aqui pra ninguém ver que você dá marcha ré e que libera esse roskov pra geral.
- E você, arrombado, que tá botando essa banca toda mas ficou olhando pros lados pra ver se ninguém te viu entrar. Geral sabe que você faz depilação anal e que o apelido da sua mulher é Marta Eletricista
- E a maluca da tua mãe, vai bem? Aquela velha é muito doida.
- Tá tranquila, com certeza melhor do que sua progenitora, que bota aquele biquini fio dental ridículo naquela bunda gorda cheia de buraco que mais parece a lua. Quando o tempo fecha na praia o pessoal aponta pra ela dizendo que vai começar o eclipse.
- Maluco, tô partindo, fica com a minha...
- Valeu, fala pra sua irmã que vou estar lá na hora marcada...

O que fica no salão começa a falar com a manicure:

- Impressionante como esse maluco é gente boa, difícil de achar amigo assim.

O que saiu liga pra mãe:

- Mãe, encontrei o Adolfo, aquele meu amigo sangue bom toda vida. Mandou lembranças pra você. O cara é muito parceiro...

É por isso que eu digo:

Onde a mulher vê psicomotricidade eu vejo uma pilha de lego.
Onde ela vê despertar das artes, eu vejo paredes riscadas de giz de cera e guache.
Onde a mulher vê Galinha Pintadinha, eu vejo o capeta fazendo a dança do Apocalipse.

E é esta nossa praticidade que as deixa looooooooooucas.

É claro que tem algum exagero, mas vocês sabem: é tudo ao quadrado...

sexta-feira, 10 de junho de 2011

SAC - É Tudo ao Quadrado

Foram milhares de e-mails, SMSs e telefonemas pedindo que a voz masculina não se calasse. Sendo assim, retomarei o Blog da Odete e, eventualmente, deixarei que ela se manifeste.

Pronto, agora posso ser acusado de tudo, menos de ser machista ou não querer dar espaço para as mulheres...

Cappelli

quinta-feira, 9 de junho de 2011

O Silêncio dos Inocentes

Eu tenho quase certeza que nenhum homem lê o que se escreve aqui. Não só aqui, mas em qualquer outro blog que verse sobre este tema. Digo isso tendo em vista que acompanho diversos blogs e nunca - eu disse nunca sem nenhum medo das generalizações- vi um comentário que tivesse testosterona nas suas linhas. E eu, que não sou bobo nem nada, que não remo contra a maré e não dou murro em ponta de faca, percebi então que este é um universo que se desenvolve segundo uma lógica diferenciada, sob um olhar materno que, por mais que me esforce, nunca vou conseguir ter já que, infelizmente, meu peito não dá leite.

(o fato do leite merece um parêntesis. Acho isso uma tremenda sacanagem do Criador. Devia constar em algum lugar dos livros sagrados que a benção dos céus daria ao pai de gêmeos a graça de produzir o mais puro leite, evitando assim os arranca-rabos pela exclusividade ou mesmo facilitando a vida na hora de dormir)

Então, amiga, como nova estratégia de inserção no mundo das mamães blogueiras, eu agora sou ela e me chamo Odete Marcondes Sá.

Não sei vocês, mas tenho a sorte de ter um marido maravilhoso, atencioso, carinhoso, inteligente e que me ajuda em todas as tarefas da casa. Sempre que me vê cansada me manda deitar e relaxar e logo chega com uns biscoitinhos. Está sempre de olho nas crianças e faz questão de trocar todas as fraldas sempre que está em casa. Mas agora estamos um pouco ansiosos: as crianças se recusam a falar!

Esses danadinhos já entendem absolutamente tudo que dizemos, já obedecem todas as ordens, já sabem o nome de todos os objetos e quando estamos dando bronca ou coisa parecida. Algum tempo atrás achei que eles logo desandariam a falar porque com 11 meses já andavam e balbuciavam algo como mamã ou coisas do gênero. Amiga, é claro que você precisa me dar um desconto, sabe como é. Mãe é assim, nosso filhote fala uma coisa que achamos ser aquilo que nem ele sabe que está querenedo dizer. Ele fala "pido" e nós imdeiatamente saímos às ruas gritando "meu filho já fala paralelepípedoooooooooooo".  O maridão, chato de galocha, fica dizendo que é viagem nossa, que eu tô angustiada e fico projetando coisas que não são verdadeiras, mas ele que não sabe de nada, nosso instinto nunca falha. Aposto que o Chico Buarque só conseguiu rimar paralelepípedo na sua música porque falava "pido" quando criança. Aposto.

Mas o fato é que eles ainda não falam. Pois é, nadica de nada. Os sons lá em casa são de riso, choro, peido, "dá" e gritos. Quando querem me chamar choram. Quando querem chamar o pai dão um gritinho seco "áá". Quando querem alguma coisa, apontam com o dedo e ficam "dã, dã". Os conselhos já foram inúmeros e colocamos eles todos em prática, diariamente. Quando apontam alguma coisa, estimulamos a falarem o nome do que querem sem dar o objeto de primeira, com facilidade. Tudo que pegam falamos o nome. Passo o dia inteiro falando mamãe e quando o Pai chega tem seu período de convencimento de "fala PA - PAI....PA-PAI....PA-PAI" e nada. De vez em quando ele ameaça dizendo que vai cortar o leite ou a cabeça do Backyardigan, mas nada parece adiantar.

Falamos com a pediatra e ela disse que não há motivos pra preocupação e que com gêmeos pode até demorar um pouco mais porque eles, sem querer, atrapalham um ao outro. Miga, como assim? Fiquei encafifada e quis saber porquê. Ela disse que como eles se comunicam com uma linguagem, ou melhor, dialeto próprio e se entendem muito bem, fica certa "preguiça" em falar outras coisas. Outras pessoas dizem que a criança só solta a língua mesmo com dois anos. E outras que quando for pra creche aí é que vai deslanchar mesmo.

É claro que surgem também as simpatias e os casos de família. Nessa hora todo mundo aparece com uma solução. Minha sogra linda, mãe do meu marido idem, disse que meu cunhado, irmão do meio de meu amor, não falava nem pelo car...por nada nesse mundo. Então falaram pra ela que a única solução era dar banho com a primeira chuva do ano que a fatura estaria liquidada, era batata. A sogrona então encheu um balde com a primeira água de janeiro e encharcou o menino, obrigando-o a beber e fazer um gargarejo, só pra garantir. Amiga, e não é que ele desandou a falar e hoje é político? Isso sem falar nos discursos de 4 horas que ele fazia em cima de trios-elétricos mambembes na época do movimento estudantil e tendo que por muitas vezes desviar dos vários objetos arremessados, sem parar de falar! Coisa de dar inveja ao Fidel Castro. Mas pra gente isso já não serve. Além  de janeiro estar muito longe o estoque nas casas de macumba já foram utilizados. E com esse frio, até pra tapear fica difícil...

Aí vem aqui em casa minha vózinha que mora lá em Miracema. Fica sabendo que as crianças ainda não falam e diz que meu irmão também não falava e que lá eles resolveram isso colocando um pinto na boca dele. Isso mesmo, pegaram um pintinho e colocaram na boca dele e ele saiu falando. Já imaginaram? Meu marido, é claro, pirou de rir e ligou imediatamente pro meu irmão pra dizer que ia colocar isso em todas as redes sociais do mundo, que ele só abriu a boca quando ofereceram um pinto. Aí ele ficava no telefone: "tira o pinto da boca que não tô te entendendo!" Sabe como é homem com homem, infantil de dar enjôo, isso sem falar no machismo. Mandei ele parar que isso era bullying e que ele podia ser preso e meu irmão ter sérios problemas psicológicos. Ainda que a vontade deles falarem seja imensa, acho que um pinto na boca não vai rolar. Se alguém descobre isso vocês podem imaginar os apelidos e insinuações, Deus me livre guarde.

E assim estamos, todo dia na contagem regressiva pra escutar a primeira palavra que teima em não vir. Vou confessar uma coisa aqui pra vocês. Eu sou capaz de suportar tudo nessa vida: Zorra Total, Ratinho, Restart e outras coisas, mas se eles falarem Papai primeiro eu me jogo daqui, ah se me jogo...

sexta-feira, 3 de junho de 2011

3º ATO - A SENTENÇA

- Padre, deixa desse negócio de pedir paciência e manda logo as rezas que já tá na minha hora. Tenho que voltar pra dar banho e botar as crianças pra dormir senão minha mulher me fura o bucho.

- Estou fazendo as contas, meu filho, seu caso é muito sério.

- Pois bem, só não demore muito porque os comentários do blog já sumiram e a galera não aguenta mais esta viagem. Acho que não acreditaram que os pecados eram reais, ainda que você fosse imaginário.

- Nem vem que mesmo sendo imaginário vou dar a sua sentença.

- Vai, adianta porque já tenho mais duas ideias e se continuar arrastando assim vou esquecer.

- Tá bom. Sua pena é comer 5 cream crackers em 30 segundos e tirar aquele lacre do  Hipoglós sem pedir ajuda.

- Como???

- Tá com medo? Não consegue?

- Preciso de uma sentença que seja possível...

- Então lá vai: reze doze vezes a Ave-Maria, treze vezes o Pai-Nosso e dezoito vezes o Salve-Rainha, essa por sua brincadeirinha...

- Tranquilo, achei que seria mais...

- Ao quadrado, bobinho... Ao quadrado.