quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Avenida Brasil

É por isso que gosto do ócio criativo. O cara pra poder pensar e refletir precisa de um tempo coçando o sa..., quer dizer, um tempo olhando pro nada e, no meu caso, este tempo consigo no trajeto de ônibus vindo pro trabalho, até porque na volta eu vou babando no ombro da pessoa ao lado. É uma cena meio patética porque tenho quase dois metros, então não consigo encostar minha cabeça no encosto do banco. Quando tento meu pescoço que fica apoiado, minha cabeça vai lá no banco de trás e ainda escancaro minha boca, que não é nem um pouco pequena. Me resta dormir com o corpo inclinado pra frente, indo pra esquerda e pra direita ao sabor das curvas, igual um bonecão do posto sem ar, sendo escorado por minha companhia no banco ou por uma alma caridosa do corredor.

E foi numa vinda destas, pensando sobre a crise econômica mundial, os problemas da zona do Euro, a guerra na Síria e o perigo nuclear iraniano que tive uma sacada impressionante: já notou como os homens da novela das 8 são todos uns babaquaras? Que esta novela é altamente preconceituosa contra o gênero masculino? E que ninguém fala nada, absolutamente nada sobre isso? Ah, minhas amigas, mas aqui não tem essa parada não, vou denunciar este autor, fazer cartaz, tuitaço, lista no feicibúqui, o escambau, mas assim não vai ficar. Duvida do que estou falando? Então vamos lá.

Leleco: Um coroa cheio de onda, cheio de marra, machista, que larga a mulher pra pegar uma mais nova e, não satisfeito pela troca maravilhosa, ainda traiu a coitadinha com a ex-mulher, isso sem contar que nesse meio tempo fez de tudo pra promover um flagrante pra provar que ela não prestava, usando das piores artimanhas possíveis. Nunca confiou em uma mulher e acha que a natureza dela é trair, não é possível ela amar uma pessoa mais velha.

Tufão: um bananão, sem pressão, um corno flamenguista que nunca sabe de nada e mesmo com as coisas sendo esfregadas na sua cara se recusa a enxergar. A mulher faz gato e sapato dele, engana, tira dinheiro, trai e ele lá, com aquele sorriso de bestalhão e aquela voz fanha.

Jorginho: O inocente, a vítima, o coitadinho. Nunca sabe em quem acreditar, não consegue discernir entre a verdade e a mentira, vive sendo ludibriado, tá sempre em crise. Não fosse a carcaça do Kauã, a mulherada passava looooonge.

Cadinho: apesar de ser meu ídolo, é retratado como um polígamo, um sem vergonha que fica enrolando três mulheres, um galinha com classe. 

Diógenes: Depois de anos encalhado, resolve voltar pra mulher que o abandonou e toma outra pé na bunda. Mais um trouxa enganado.

Max: enrolado pela Carminha que o faz de marionete desde os 18 anos, um otário manipulado, um mané que não tem trabalho e vive como um parasita querendo se dar bem sempre com algum golpe. Fica lá só malhando e mamando nas tetas do outro otário, o Tufão.

Lúcio: bandidinho de merda que vive também tentando um golpe pra se dar bem sem trabalhar.

Adauto: um idiota completo, apesar de bom coração. Analfabeto e burro, sempre com tiradas toscas que em nenhum momento prezam por sua inteligência. Vive da pena alheia, não só por sua burrice mas por ter perdido o pênalti pelo Divino.

Nilo: um crápula do lixão, enganado pela Lucinda vive de restos, bêbado e chantageando todo mundo pra tentar se dar bem. Nunca tentou arrumar um emprego. A Lucinda mora do lado dele, faz a mesma coisa que ele, e vive numa mansão projetada pelo Vik Muniz, o Niemeyer da reciclagem. Como se explica isso????

Aí tu pega as mulheres: todas poderosas, com iniciativa, trabalhadoras, pensantes. Não é a toa que as protagonistas são mulheres, que toda a história se desenrola a partir do trio Lucinda-Carminha-Rita. 

Eu não sei não, tô meio bolado porque o rolo compressor tá tão grande que já tem até mulher bomba, uma função que era exclusivamente masculina. Depois disso, onde vamos parar, meus deuses????

A novela das 8 é sempre um reflexo da conjuntura social, e nada do que acontece nela é estranho ao que vivemos no dia a dia. Se fosse seria novela das 6, de época, ou das 7, engraçadinha e sem compromisso com nada. Pensem bem nisso.

O que isso tem a ver com crianças e pais? Nada.

Mas que é interessante é.

quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Os çábios especialistas

Fui no Super Duper e na volta passei pelo Pequeno guia prático de uma mãe sem prática. Ambos os textos muito bons, sem respostas, como gosto, mas com muitas possibilidades de reflexões. A Anne quer saber quem se responsabiliza pelas decisões fundamentais que tomamos em determinadas circunstâncias quando o que está em jogo são nossos filhos. Já a Mariana, quer saber se é menos mãe ou mais mãe, se os filhos são o centro ou não, se a corrente que ela seguia semana passada ainda vale ou foi ultrapassada. E foi pensando sobre o que elas disseram que passei a pensar numa contribuição para ampliar o debate. Se olharmos bem, as duas abordam em seus textos um tema que nos aflige e assola de forma cada vez mais intensa e que domina hoje qualquer que seja o assunto abordado: os especialistas.

Não é nenhuma novidade que vivemos em um mundo cada vez mais especializado. Na faculdade eu ficava maluco vendo os temas de monografia e mestrado que ficavam colados na parede para quem quisesse assistir sua defesa "O significado da pedra preciosa cravada na espada do Raimundo no séc IV", "A importância do churrasquinho de gato como forma de socialização nas feiras livres noturnas" e por aí vai. Ao mesmo tempo que falava "ah, maluco, tá de sacanagem" me criticava ponderando "cada um tem a liberdade de estudar o que quiser". Enfim, esta é uma seara muito discutida pois cada vez mais temos pessoas que sabem muito de determinado assunto e absolutamente nada de todos os demais. E aí aquele cara, especialista, não consegue enxergar nada além de seu jaleco branco, não consegue entender que uma decisão nunca pode ser tomada levando em conta apenas um determinado aspecto, ela deve sempre ter como diretriz o contexto em que está inserida. Caso contrário fica algo do tipo:

- Minha senhora, seu filho precisa tomar sol durante 20 minutos por dia.
- Mas doutor, eu moro na Sibéria!
- Tá bom, 15 minutos resolvem.
- O Senhor sabe onde fica a Sibéria?
- Certo, certo, não sei não. Mas sei perfeitamente que todas as 589 pesquisas sobre o assunto, sendo que destas 518 publicadas, apontam que o sol ajuda a resolver o problema do seu filho.
- E não existe alternativa então?
- Isso também não sei. Mas sei que a CVC tá com uma promoção para Cancún imperdível (tira da gaveta um folder e entrega). Se a senhora não colocar este menino pra fazer a fotossíntese eu não me responsabilizo! (alô? Ó, acho que vendi mais um pacote!)

Aí ela volta deprê pra casa, conta a situação, e quando todo mundo começa a catar moeda pelos cantos pra fechar o pacote e salvar a vida do seu filho, encontram um diário de receitas da bisa mandando, nesta situações, raspar gelo do dente de uma foca sem bigode e dar pra criança na hora de dormir. Resolve arriscar. A criança amanhece boa. Mas já que o dinheiro pra Cancún tá na mão... rsrsrsrsr

Existe um cara que estudou sobre isso e criou um termo para explicar essa escalada da especialização no mundo moderno. Anthony Giddens, Sociólogo da terceira via, estabeleceu o conceito de "Sistemas Peritos", que nada mais é que todo corpo de especialistas existentes que faz com que tudo funcione sem que você entre em parafuso pensando nisso. Trocando em miúdos, é mais ou menos assim: tu já parou pra pensar quantas peças são necessárias para que um avião seja montado? Já parou pra pensar quantas pessoas estão envolvidas na sua construção? Que todas elas não podem ter nenhum erro e que tudo deve estar encaixado de forma milimétrica pra que ele não caia? Claro que não, senão você nunca entraria em um avião ou então seria tão paranóico, mas tão paranóico, que se tornaria insuportável. 

Convivemos com estes sistemas de forma tão orgânica, tão natural, que questionar seu funcionamento é praticamente ganhar um atestado de 22 e vestir branco pro resto da vida. Imagina o cara parado na entrada do aeroporto gritando "vocês estão malucos, eu conheço o mecânico da Boeing que trabalhou na fuselagem deste avião e ele é alcoólotra!" 

Como podemos questionar um cara que estudou um assunto durante 20 anos? E pior, como ousar afrontar alguém que dedicou sua vida a resolver estes casos? É óbvio que em determinados assuntos isso não cabe, como um câncer ou determinadas doenças mais severas, mas no que nos diz respeito, sim, podemos na maioria das vezes fazer escolhas, ainda que com a faca da especialidade na garganta. É claro que é difícil, mais claro ainda que os julgamentos serão os piores e, por fim, trágico se você estiver errado. Mas lembre-se que, caso você esteja certo, evitaria algo pior. "Porra Cappelli, tu é vaselina, hein?" Claro que não, simplesmente creio que conviver com esta contradição faz parte de estar vivo e que toda decisão, em qualquer circunstância da sua vida, trará uma consequência, boa ou ruim. O grande perigo é justamente não tomar nenhuma, porque ao fazer isso você ficará ao vento, ao mar, vagando pelas ondas do momento e das teorias que surgem mais rápidas que iPhones.

Escolha um caminho e siga, ajuste seu curso caso perceba que seguiu a placa errada, mas não abandone sua bússola de estimação. Seguir os especialistas quando o assunto são nossos filhos é viver engarrafado, pois a linha teórica de hoje é a superada de amanhã. É quase como a nova dieta de emagrecimento. A cada 10 minutos surge uma, mais mirabolante, mais eficaz, embasada por estudos recentes. Especialistas querem vender seu peixe, seu contato com o laboratório farmacêutico, com o cara da drogaria, com o plano de saúde, com a clínica de exame. Um especialista em especialistas levaria tudo isso em conta, pois não se pode isolar sua atuação do contexto em que ele se insere. 

Qual é a hora de dar um telefone? De falar sobre sexo? De explicar as mazelas do mundo? De falar sobre a morte? De falar sobre drogas? Não sei vocês, mas eu não faço a míííííííííííííínima ideia. O que não quer dizer que não existam por aí vááááááárias tabelas relacionando cada tema desses com um faixa etária. Isso levando em conta a própria briga entre os especialistas do mesmo assunto.

Não existe neutralidade na humanidade. Neutro, meus caros, só sabão e olhe lá. Toda ação parte de um propósito e, neste caso de que tratamos, me parece que cada vez mais que ele responde pelo nome de dinheiro, money, bufunfa. E pra que eles possam vender sua especialidade, é fundamental que semeiem em você a dúvida, que susurrem no seu ouvido que você não sabe nada, que suas ações podem prejudicar seus filhos, que você precisa de ajuda e que só eles podem oferecê-la com qualidade. Trombeteiam a insegurança pra que, acuados, optemos pela opinião deles, mesmo que lá no fundo saibamos que também oferecem riscos. E, numa atitude muito louca, desvairada, trocamos os riscos de nossas ações pelo risco das ações de outros, que não sentem por nossos rebentos  a milésima parte do nosso amor, que nunca os viram na vida e que se esforçam para parecer conhecê-lo já na primeira consulta: "Ah, isso é perebite aguda" sem ao mesmos levantar da cadeira.

Na dúvida, que os erros e acertos, que acontecerão inevitavelmente, sejam ao menos os meus, fruto das minhas escolhas. Acho que isso, Anne, é um primeiro passo para o empodaramento.

sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Botando o meu na reta

Vocês vão me obrigar a criar um cadastro no bolsa família e disputar no tapa uma casa no Minha Casa Minha Vida. Depois que mudei o viés do blog foram tantos os comentários e tão repletos de sinceridade que agora tô aqui, ferrado, tendo que estudar sobre a organização do Estado brasileiro, e só consigo pensar neles. É impressionante a convergência das situações, não só entre eles mas também com o meu cotidiano ao quadrado. Na boa, se sentássemos na mesa de um pé sujo e começássemos a falar iríamos passar mal de rir com as experiências de cada um. Só falta arrumar tempo, dinheiro e alguém pra ficar com as crianças, mas isso é detalhe rsrsr. E já que colocaram seus perrengues pra fora, sairei da posição de analista pra analisado também, nada mais justo. Como diria um amigo meu: "Cappelli, baixa a saia e desce do palco!". Mas não se enganem: se eu levar fumo no concurso vou fazer uma macumba tão grande, mas tão grande pra vocês, que a galera vai achar que já é a abertura das olimpíadas, nem adianta chorar.

Não se enganem comigo. Minha mulher diz que sou um santinho do pau oco, uma fraude, e ela tem seus motivos. Quando se escreve é muito mais fácil analisar com frieza as situações do que responder na hora do calor da discussão, né não? Ela quando lê fica raivosa, "nossa, quem lê isso aqui acha que você é um anjo, melhor pai do mundo" e sabemos que isso não é verdade, até porque não tenho isso como meta. E cá entre nós, quando morrer pretendo descer um andar ao invés de subir porque nunca fiz amigo bebendo leite e concordando com o que digo. Pelo contrário, até desconfio.

No entanto gosto de depurar minhas ações depois, de refletir sobre os fatos e de tentar compreender alguma coisa que me faça chegar à conclusão de que isso é passageiro, tem solução e vai melhorar. Que outra coisa nos resta além desta resignação libertadora? Não uma resignação de coitadinho, tipo "ai, sou coitadinho e sempre vou ser, ó vida, ó céus" mas sim uma propositiva, que amplie os horizontes e te faça perceber quais foram as circunstâncias que te fizeram chegar até ali e o que é possível mudar.

Enfim, ela não trabalha. Passa o dia com as crianças, leva de tarde pra creche e busca. Não temos carro, e ela faz o percurso que dura uns 20 minutos todo dia em um carrinho de gêmeos que, com cada um pesando por volta de 18kg, vocês devem imaginar o que é. Ela vai empurrando e gritando "ó o pesaaaado, ó o pesaaado" e ai de quem estiver pela frente. Se parar, pra engatar a 5ª de novo fica complicado. Os que estão pelo caminho todo dia já sabem e se afastam como se estivessem no trilho e o trem apitasse ao longe rsrsrsrsrsrs. Não se esqueçam das calçadas esburacadas, de uma pequena ladeira e do sol. Antes disso, acordou cedo, deu café da manhã pros dois, brincou, deu banho, deu almoço e arrumou os dois pra escola. No tempo em que se veste a camisa de um a outra tirou a meia. Você vai botar a meia o outro tirou o sapato e por aí vai. Chega da creche, vai brincar, vai dar lanche, vai brincar mais, vai dar banho, botar roupa e colocar pra dormir. 

Então você pergunta: "e onde você está, safadão?" Calma, tem explicação. Saio cedo pro trabalho e volto umas 19:30h, o que já me livra de muitas acusações. Chego e tá tudo na doideira, normalmente hora da janta ou do cocô deles pós refeição, uma mania esquisita de sempre fazerem cocô juntos. Um dia desses Thomaz tava no cantinho onde se aliviam e Sophia tinha saído. Ele gritou: "Sophiiiiiia, vem pra gente fazer nosso cocozinho" rsrsrss Diz aí? Bizarro, né não? Voltando. Tem vezes que abro a porta e sou recebido calorosamente com um "tão os dois de cocô, agora é contigo". Chego a me emocionar rsrsr. Ou então algo mais afetivo como "fica com os dois que tô apertada e preciso ir ao banheiro agooooora". Outra lágrima, é demais pro meu coração. A terceira possibilidade é: "fica com eles que agora eu que vou jantar". E nesse tempo nem o tênis eu tirei. Tá bom, é claro que nem sempre obedeço e rola já uma discussão, mas via de regra é isso.

Chega então a hora de dormir. Hora do leite caprichado no Mucilon pra cimentar o estômago e dormir feito pedra. Ela deita com eles e cansada, bagunçada, estressada e moída, por vezes dorme junto. Culpa dela? Claro que não, mas isso não me impede de ficar muuuuuuuito puto, a separação é logo ali, hora de varejar a aliança rsrsrrrs. Porra, me restou isso? Que merda, hein? Na maioria das vezes ela consegue sobreviver mas, como não fez nada durante o dia a não ser cuidar das crianças, usa seu tempo pra ver a Carminha, os e-mails e suas coisas que são deixadas pra depois em função da correria. Culpa dela? Claro que não, mas isso não me impede de ficar muuuuuuuito puto, a separação é logo ali, hora de varejar a aliança rsrsrrrs. Porra, me restou isso? Que merda, hein? Mas aí conseguimos deitar, juntos, e aí já começo a me animar, afinal é hora de aproveitar enquanto não ecoa o choro no outro quarto: "demorô, é hoje mané, é nóis na fita, Jerônimmmmooooooooooooooooooooooooo. Amor? amor?." Dou logo uma cutucada "tá dormindo, porra?" E ela "não, claro que não". Ela diz que tá esgotada, que depois nos enlaçamos e tal. Culpa dela? Claro que não, mas isso não me impede de ficar muuuuuuuito puto, a separação é logo ali, hora de varejar a aliança rsrsrrrs

Como bem disse a Tati Weiss em seu cometário, "onde arruma tempo pra fazer isso, cacete???". Sei não, Tati. Eu começo a esperniar e logo no início do meu escândalo, bem antes dos ataques mais pesados e das acusações mais brabas, ela já está nos braços de Morfeu, nem aí. E olha que nem exijo muito, pra mim dia sim dia não tá tranquilo rsrsrsrsrsr.

E então vem o dia seguinte. Ou acordo mais puto da vida ainda e fico uma semana sem falar com ela (o que já vi que não resolve nada, só piora, e ainda por cima ofereço uma desculpa de lambuja "nem fala comigo e já vem cheio de gracinha?") ou acordo como se nada tivesse acontecido, pois é preciso tentar de novo, opção que me tornei adepto e praticante. Sabe como é, sou brasileiro e não desisto nunca!!!!!

Minha conclusão é a mesma de 90% dos comentários aqui feitos: é foda! Se bem que nesse caso, nem tanto rsrsrsrsrsrsrsrsrsrsrsrsrsrs

quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Me despedindo pra poder voltar

Na boa, tem vezes que a coisa fica tão clara, tão clara, que nos negamos a acreditar. Eu mermo, pra minha desgraça, já cansei de errar questão múltipla escolha de prova por achar que não podia ser tão fácil assim. Imaginava "ah, esse examinador tá de sacanagem comigo, querendo me ferrar, jogou essa isca pra ver se eu mordo" e procurava qualquer coisa idiota nas outras respostas pra que justificasse meu "x" certeiro. A simplicidade ali, brilhando, chamando "veeeeem, me marca, me arremata, sou eu que te quero, enfia essa caneta em mim e me rabisca todinha" e você lá, olhando pra cima e pra baixo, "não é possível, eu não sou idiota, esse cara não sabe que sou inteligente demais pra cair numa armadilha dessa?". Bem, o final geral já sabe: tu marca a porra da resposta errada e, ao chegar em casa e conferir o gabarito, se rasga todo, dá com a cabeça na mesa e começa a se martirizar. E o pior de tudo é que não dá mais nem pra se jogar pela varanda, porque a tela, que era pras crianças, agora serve pra você.

Depois da última postagem fiquei imaginando muitas coisas, possibilidades possíveis diante de comentários tão sinceros e, principalmente, sem respostas. Era exatamente isso que eu queria que aparecesse, a infinidade de angústias e dúvidas que nos faz humanos e nos permite o erro. Depois de ler alguns livros sobre gravidez, quando as crianças ainda estavam nadando em placenta esplêndida, e avaliando a sua utilização após o romper da aurora tive certeza de que o que existe em todos eles as mulheres já carregam na veia, no sangue, desde que o mundo é mundo. Pra mim, ele serve muito mais como um guia do que não é aconselhável que se faça, o que não quer dizer que em casos extremos não deva ser feito. São orientações gerais, informações técnicas, vendidas hoje como algo super moderno e que amanhã, na próxima edição, eles mostrarão que estas técnicas já estão superadas. Na boa, livro para grávidas devia existir só um, com os seguintes itens no índice: doenças e sintomas, vacinações, amamentação e alimentação. Depois disso, páginas em branco para serem preenchidas por cada uma pois, a partir daí, não existe regra.

Bem, tá na hora de dar sentido aos dois parágrafos anteriores, desconexos mas complementares. O que ficou claro pra mim é a tensão da vida moderna e a maternidade/paternidade. E algum tempo atrás eu já escutava sussurros disso nos comentários e nos outros blogs, mas achava que não era uma vereda que deveria desbravar. Era a tal da resposta certa que eu teimava eu não marcar. Este que vos fala tem tesão na escrita, no detalhe, na minúcia, no relato e debate das ideias. Me amarro em fazer estas análises que juntam sociologia, antropologia, história, psicologia, conversa de elevador, de bar e bom humor. Me parece que este blog tomará um caminho diferente, pulará da infância para a crise pós moderna dos relacionamentos e sua interferência no contexto familiar. Mermão, que loucura, hein? Acho que já tenho um projeto pro doutorado rsrsr. 

Enfim, passarei a abordar temas adultos, neuroses, dilemas, contradições e devaneios, sem nunca perder o viés da relação destes temas conosco, pais e mães. Não quero um troço careta, tipo esta catequese que existe quando o assunto é maternidade/paternidade, com perguntas e respostas prontas. Parece que gravaram 30 programas e repetem eles há 50 anos (Eu já falei pra vocês que esta é minha tese pro Globo Repórter?). Vou por um caminho mais punk, mais fundo, dedo na ferida mesmo, porque acredito que é assim que crescemos, tanto emocionalmente quanto intelectualmente. É na oposição que se faz a síntese. É a rebelião dos pais, sim, isso mesmo, porque nós também somos assunto e merecemos mais do que este gugu-dadá que nos é oferecido como material de reflexão.

Quem quiser sugerir temas/debates pode me mandar um imeioul: cappellettico@gmail.com

Pra fechar, deixo aqui uma canção do Tom Zé, que define o que farei daqui por diante, ao quadrado:

Tô 
Tô bem de baixo prá poder subir
Tô bem de cima prá poder cair
Tô dividindo prá poder sobrar
Desperdiçando prá poder faltar
Devagarinho prá poder caber
Bem de leve prá não perdoar
Tô estudando prá saber ignorar
Eu tô aqui comendo para vomitar
Eu tô te explicando
Prá te confundir
Eu tô te confundindo
Prá te esclarecer
Tô iluminado
Prá poder cegar
Tô ficando cego
Prá poder guiar

Suavemente prá poder rasgar
Olho fechado prá te ver melhor
Com alegria prá poder chorar
Desesperado prá ter paciência
Carinhoso prá poder ferir
Lentamente prá não atrasar
Atrás da vida prá poder morrer
Eu tô me despedindo prá poder voltar











quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Foram queimar o sutiã...

Liberté pra quê? rsrsr
Ééééééééééé minhas queridas, vai vendo. Eles estavam lá, aconchegados e seguros, com tempo de sobra para suprir durante o período adequado as necessidades vitamínicas de seu bacuri. Eles estavam na boa, no balanço, no descanso e aí o que vocês fizeram? Hein? Foram lá e tacaram fogo. Resolveram fazer a revolução, quebrar tudo, partir pro ataque, pro trabalho, pra presidência. Em polvorosa ensaiaram escondidas a coreografia do "Tá dominado, tá tudo dominaaaaado".

E eu adolescente, vagabundo de marca maior, devoto do ócio criativo, ficava olhando aquilo e pensando "essas mulé devem estar muito doidas. Pra quê isso? Tão em casa, na moral, cuidando da criançada, piriri, pororó..." É claro que não estava fazendo nesse momento considerações machistas, nada a ver. Eu só pensava no descanso mesmo, no papo pro ar, na neblina do quarto. Pra mim era mil vezes melhor ficar em casa do que sair todo dia pra trabalhar e se estressar com isso e com aquilo. Não foram poucas as vezes que bradei que ficava em casa tranquilo com meus filhos se minha mulher me sustentasse. É óbvio que com esta convicção muitas foram as que correram, mas outras malucas se aproximaram. Este espírito soteropolitano de ser acabou escurraçado com a notícia do nascimento das crianças. Mas que ainda hoje sinto uma preguiiiiiiça, ah, eu sinto rsrsrsrs

Enfim, me deixando de lado e colocando vocês de frente, é claro que ficar em casa não é tão tranquilo assim. A mulher que fica em casa com os filhos trabalha muitas vezes mais do que o maior workaholic que existe. Vai pra lá, vai pra cá, faz isso, faz aquilo, pá, pum, corre, ajeita e pronto. Em suma, a mulher em casa já trabalha bagarai (entenderam? Pense no palavrão) e aí faz o quê? Arruma um emprego. Aaaahhhh, minhas amigas, aí o caldo entorna. Ela trabalha fora e ainda precisa chegar em casa e fazer tudo aquilo que a consciência pesada dela por deixar o filho o dia inteiro na creche a obriga. O tempo que já era escasso, desaparece. Quase 70% do salário dela vai para pagar a creche integral. A criança chega 7 da matina na creche e volta 19:00h. As 21h tá dormindo. Estranho, não? 

Claro que é, e a mulher sabe disso. Ela entra em crise, se culpa, e tenta não brigar com o filho nas 3 horas que passa com ele, seria sacanagem. Tendo isso em vista fica mais permissiva e não exerce sua autoridade como deveria. Falem o que quiserem, mas a função biológica da mulher é ser mãe, é cuidar da cria, lambê-la e aconchegá-la. Eu disse biológica, não que ela só serve pra isso, olha lá. O desvio imposto pelo capitalismo, que a retira deste traçado no seu genoma, por mais que não seja consciente a deixa aflita. Ela foi pro mercado de trabalho, como se ela já não trabalhasse duro. Ela não tem mais tempo. Ela congela o leite porque o peito não dá. Ela não fica mais com os filhos. O marido virou um adereço. A cama virou uma tumba. As que não tem filhos não tem tempo pra ter filhos. Nem mesmo para tentar. 

As que não tem filhos, então...Chega aos 30 e ela entra em crise, quer procriar, o relógio biológico desperta e ela não quer ficar pra tia. É independente, tem seu trabalho, sua casa, seu carro, come onde quer e viaja o mundo. Mas não quer ficar pra tia, aí não. Acaba tendo um filho com um caboclo que ela sabe que não será o pai do seu filho por muito tempo. Ela não tem trabalho, não arruma namorado, tá difícil, sem perspectiva de melhorar de vida, de emprego, pra poder viajar e fazer tudo que ainda não fez. Conversa consigo mesma e diz "tá ficando velha, hein? Quando você vai procriar? Daqui a pouco fica mais arriscado". Dos 30 aos 40, minha gente, ou vai ou racha, é batata. Posso aqui dar uns 37 exemplos de conhecidas que passaram justamente por isso que vos falo.

É por isso que sempre agradeço aos deuses por ser homem. Ser mãe/mulher é muito complicado. Trabalhar sendo mãe, pior ainda. Trabalhar, sendo mãe e ainda ter que aturar um marido, viiiiiiiiiiiiiiixe maria. Trabalhar, sendo mãe, aturando o marido e ainda fazer unha, cabelo, depilar... tá maluco, só de pensar nisso já quase infarto. E aí, me volta na cabeça: quais foram as contribuições, de fato, que esta queima trouxe para a qualidade de vida da mãe/mulher? É claro que ela precisa trabalhar pra ajudar, que ela tem seus projetos, suas perspectivas, seus anseios, e tem o direito de ter tudo isso. O que procuro compreender é como se faz pra equalizar isso tudo com a necessidade/vontade de ser mãe sem que uma das duas ações fique comprometida? Será esta uma contradição insuperável do mundo moderno? 

E aí, minhas amigas? Como faz? E não me venham com coisas do tipo "ah, meu marido ajuda muito" ou "eu me supero e me dedico". Vamos pra realidade, pra vida como ela é. A vontade é chutar o balde? Do quê? Na boa, só de pensar no que vocês estão pensando entrei em crise.

Fui.

Ps: alô, Mamatraca, queria ver umas mães falando disso naqueles vídeos, hein? Camila, para de degustar este Cabernet e toca isso! rsrsrs


quinta-feira, 6 de setembro de 2012

Nota explicativa

O texto abaixo é uma brincadeira-provocação que fiz com a Anne Rammi que escreve no Super Duper. Clicando na Vannessa Rammirez vocês terão acesso ao que ela escreveu.

Tô explicando porque as vezes viajo achando que está claro o que eu quis fazer mas, na verdade, só eu - e olhe lá - entendi.

Bem, como vocês podem perceber, se estou tendo que explicar é porque não funcionou kkk.

Abraços ao quadrado!

quarta-feira, 5 de setembro de 2012

Dr. Hanz Inza - Ensaio sobre o cativeiro

Dr Hanz Inza, 

"Sou casada, tenho 44 anos e dois filhos maravilhosos. Me dou muito bem com meu marido e acredito que tenho uma vida que muitos gostariam de ter, com harmonia e tempo para me dedicar a eles. O problema é que de uns tempos pra cá venho me sentindo presa, amarrada, acorrentada a convenções que me sufocam, me tirando muitas vezes o humor. O que será que está acontecendo comigo? Será que virei uma mulher anacrônica? De onde vem esta minha necessidade de libertação? Será que encontrarei meu lugar neste quebra-cabeça chamado mundo moderno? 

Vannessa Rammirez - Itaquaquecetuba - SP

Um dia Elvira acordou e refletiu sobre sua vida. Despertou na hora que o trabalho exigia. Tomou café com pão como todo mundo. Almoçou na hora permitida pela CLT. Foi embora na hora permitida pelo patrão. Chegou do trabalho e tomou o segundo banho.  Recebeu um SMS do trabalho mesmo fora do horário e teve que responder. Viu uma conta que vencia no dia e que ela tinha esquecido de pagar. Não tinha comida e ela pediu um japonês. Teve uma certeza: nada do que fizera respeitava seus anseios e suas vontades mais instintivas. Olhou pra grade da janela da sala e sentiu que elas avançavam em direção à sua alma, colocando seu ser em cativeiro. Como ela faria pra se sentir livre se todo ato que praticava parecia já pré-determinado por convenções da civilização? Existiria escapatória? Seria possível vislumbrar ainda um reduto, um lugarejo que seja onde o Laissez-faire, Laissez-Passer se efetivasse a cada segundo?

Quando nascemos assinamos nosso primeiro contrato, com as lágrimas do primeiro choro: o contrato social. Nas linhas miúdas estão os termos que aceitamos mesmo sem ler. Lá está escrito o que você pode ou não fazer de acordo com os costumes e cultura não qual você se encontra. E é justamente este compartilhamento de regras aceitas por todos que permite a existência da civilização como nós a conhecemos. Este é o preço que pagamos para que nossos instintos mais selvagens não se sobreponham ao que nos torna humanos e membros da humanidade. Eles, estes instintos acuados em nossa alma, são egoístas e individualistas, agem de forma mecânica, sem pensar nas consequências do ato para outrem. E isso nos difere frontalmente, de forma inequívoca, dos animais. Eles comem quando tem fome, nem que para isso tenham que estraçalhar um outro bichano menor que está ceiando. Eles mijam por aí quando estão apertados, fazem cocô em qualquer lugar, enfiam a porrada e matam quando seu território é ameaçado, matam e abandonam suas crias quando acham que devem,  e isso quando cuidam. Ah, trepam onde bem enteder. E o principal: não planejam seu futuro, já que sua existência é marcada pelo incessante saciar de suas necessidades instintivas. Elvira, não somos bichos.

Desfrutamos daquilo que eles nunca terão: o livre arbítrio. Temos escolhas e uma delas é a que te aflige: vivo este mundo de ilusão ou crio um próprio só pra mim? Esta grade, Elvira, que você vê com cada vez mais nitidez, se fortalece na medida em que você pensa nela. Você pode correr para os seus pais quando tem medo. Você pode comer a hora que quiser. Você pode ter seu filho de forma natural ou não, você pode dar mamadeira ou não, chupeta ou não, peito ou não, complemento ou não, você pode isso e tudo o que quiser. Basta dar uma banana pros burocratas que te fizeram assinar aquele maldito contrato e entrar no PROCON se dizendo lesada no seu direito de consumidora da vida que você escolheu. Alguns fizeram isso e foram pro manicômio. Outros viraram hippies, outros foram estudar física e alguns foram pra fogueira. Mas os maiores, os gênios da humanidade, os que estavam além do seu tempo, sempre souberam que estas grades só seguravam os que não deixavam sua imaginação fluir para além do horizonte da normalidade.

Termino com uma frase de meu primo, Nietzsche, que afirmava: "Nunca é alto o preço a se pagar por pertencer a si mesmo"

Pague este preço, Elvira, e estas grades que te incomodam se tornarão pontes.

E seus textos serão mais felizes e cheios de graça.

Dr. Hanz Inza é Parapsicólogo social e escreve sempre que quer provocar alguém.

E-mail para a coluna: naomevenhacomchurrumelas@hotdog.com















segunda-feira, 3 de setembro de 2012

Cuidado com a bolha, que a bolha te pega

Minhas queridas e meus camaradas, não adianta. Pode pular 127 ondas no ano-novo segurando 13 palmas brancas e baforando uma vela azul na boca, pode fazer retiro no Tibet com o Lama da hora, pode jejuar durante 15 meses se alimentando só de luz, pode fazer promessa pra São Longuinho, pode ir a pé pra Meca, enfim, pode apelar pra tudo que você quiser, não adianta: seu filho vai fazer merda. Tinha uma amiga minha que sempre falava um negócio (como é mulher me livra da pecha de machista) quando queria dizer que algo era inexorável, que nada poderia deter aquela força cuspida das entranhas de um vulcão corporal. Dizia ela, preocupada com os calores da juventude de sua filha com então 16 anos: "não tem jeito: água morro abaixo, fogo morro acima e mulher quando quer transar, ninguém segura!" Falava isso porque sentia que a filha estava prestes a praticar o ato e, diante da resignação de que um dia isso aconteceria de qualquer jeito, ela estava conversando sobre o assunto ao invés de reprimir.

Vejam o que aconteceu com os padres. Na boa, aqui pra nós, se o cara tivesse convicção de verdade, se tivesse Jesus tatuado no coração, se se sentisse ungido pelas graças do altíssimo, se tivesse de fato escutado as trombetas dos Arcanjos na porta do Paraíso, se tivesse visto a Virgem que surgiu na sua janela após a empregada passar um limpa vidro lhe balbuciar algo, ele não precisaria ficar enclausurado. Porque cargas d'água alguém que é escolhido por Deus para fazer o bem tem a necessidade de ficar isolado na torre eclesiástica se as mazelas do mundo estão todas do lado de fora? É justamente por causa disso, dessa prisão das vontades, que eles acabam por aí dançando Monnwalker. Uma hora o corpo explode, a vontade inunda e o desejo transborda, não tem jeito. A bolha quando estoura vai pra tudo quanto é canto, praticamente uma teoria do caos onde sua ação não vale de nada. E aí, meu caro, perdeu, já era, baubau. 

A proteção dedicada aos nossos filhos deve ter limites. Protegê-lo das mazelas reais que enfrentamos criará um ser humano indiferente e, pior, acrítico em relação a isso. Se ele não se dá conta disso, das amarras e opressões que nos rodeiam e cerceiam, perdemos um cérebro na luta contra o que nos oprime. Se você é aquela mãe que fantasia seu filho de Lifebuoy no Carnaval pra ficar tranquila, cuidado: nosso corpo não sobrevive sem uma infinidade de parasitas que nele habita. Os erros, as derrotas, os dissabores, desamores, descaminhos, vermes, micoses e bichos do pé serão depois nossa identidade, nossa história pra contar, quer dizer, a deles. (Eu, calçando 44 e andando descalço o dia inteiro, era o rei do bicho de pé, que dá uma coceirinha maravilhosa, e da larva migrans, vulgo bicho geográfico).Ou você é daquelas que se reúne com suas amigas pra contar suas boas ações na época da juventude, tomando um bom copo de leite???? Não me subestime mulherrr!

Dia desses tavam falando do novo Banco Imobiliário como obra do capeta. Que brincar de polícia e ladrão faz mal ao caráter, que isso, que aquilo. Não bastasse as censuras na música, parece que agora estão se alastrando para outros campos da vida social. Porra, na boa, passei uns dez anos brincando de polícia e ladrão e nem por isso virei o Beira-Mar de Vila Isabel, fala sério. Propaganda em jogo? Meus deus do céu, parece que a propaganda surgiu ontem e só existe no jogo. Acham que a criança vai jogar o dado e sair dizendo igual a um zumbi: "vou abrir uma conta no Itaú e comprar um Fiat". Estamos aí pra isso: pra mostrar os excessos, pra incentivar a independência intelectual, pra explicar como estas coisas funcionam, pra que não deixem se levar pelos outros, pra que tenham identidade própria, opinião própria, pra que percebam que o mundo está em movimento e que existem várias disputas em jogo.

E ainda assim, mesmo dando uma ideia, trocando papos, aconselhando, ele vai fazer merda. Coisas que você nunca acreditaria que seu filhotinho-gostosinho-denguinho da mamãe faria. Eu mesmo fiz coisas que minha mãe vai morrer sem saber, já que contar antes poderia abreviar sua passagem pelo planeta. Vocês também, não? Acredito que sempre estamos buscando um meio termo, algo entre a bolha e o libera geral, ambos, no meu entender, prejudiciais. E é nessa busca que ganhamos mais importância porque a partir deste dia, teremos que colocar em prática, efetivamente, tudo aquilo que estamos falando, sob o risco de parecermos farsantes diante de nossos rebentos. E aí, minha querida, todos verão a opressão do politicamente correto se revelar. 

E que tristeza seria se elas não fizessem merda nenhuma. Deixaríamos de rir muito e eles de aprenderem coisas fundamentais que só aprendemos quando nos "desvirtuamos".