segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Viva a contradição!

Vendo esta foto vocês devem pensar:" Ahhh, ele tá mentindo"" rsrs
Quando a Jemima do VU reclama é hora de escrever, mas quando a Carol do vinhos e viagens me ameaça no feicibúqui aí a parada já fica mais séria. Se praga de mãe pega, imagina mãe de gêmeos? E eu que não sou bobo nem nada vou tecer alguns comentários aqui, pra agradar a Jemima que merece e pra fugir da tripraga sulina que pode desaguar na cidade maravilhosa trazendo intempéries nunca dantes vistas.

Eles estão com dois anos e a cada dia percebo que me enganaram este tempo todo. Não eles, mas os comentaristas e pitaqueiros de plantão. Todo mundo chega pra você e fala "calma, com o tempo melhora, depois vai ser só alegria" e pipipi, pápápá. Você, achando que mais complicado que está não pode ficar, dá aquele sorriso besta e concorda, dizendo que também acha, que os três primeiros meses é que são o cão chupando manga e que nada pode ser pior.

E aí eles começam a só querer dormir meia-noite. Mermão, lembra daquela cena do Tropa de Elite em que o treinamento é realizado na selva e o Capitão Nascimento vai falando "estratégia" em várias línguas e não quer ver ninguém dormindo? E quando um zero alguma coisa daqueles ameaça piscar ele coloca uma granada na mão do cidadão e diz que se ele dormir todos vão explodir? Pois é, meu camarada, na minha mão já tava todo mundo em pedaços, espalhados pela selva virando adubo.  A tortura do sono é uma das mais eficazes que existe, não é à toa que até o exército usa. Eu com sono, me arrastando, olho vermelho, e eles fazendo arruaça na cama, empurrando um o trator, a outra a parede com o pé.

Nesse momento, pela cabeça só passam bons pensamentos, palavras divinas e de compaixão. Fico imaginando os lugares seguros para deixá-los passar a noite sem que ninguém perturbe, fito no horizonte mordaças coloridas que deviam ser vendidas nas lojas infantis, invento sintomas pra que eles tomem um remédio que dê sono ou então rezo para que uma nuvem densa de mosquitos tsé tsé invadam o quarto (tá bom, fui longe demais, são as moscas que transmitem a doença do sono).

O relógio passa e eles na cama giram igual aos ponteiros, causando inúmeras colisões que expulsam o pouco de sono que se aproxima. Eu e minha esposa, transbordando de paixão e volúpia, passamos a nos elogiar reciprocamente. É "culpa sua" pra lá, "Culpa sua" pra cá, isso tá virando um inferno, assim não tem condições, quando isso vai acabar? Aí um levanta e acende a luz. O outro reclama e vai lá e apaga. "Ai, ai, ai irmã!" "Ai, ai, ai, Taz (como ela chama o Thomaz) e se vão mais alguns bons minutos. Aí já estamos bufando, nos jogando na cama em sinal de "me rendo!" Nesse exato momento que escrevo, 22:45, ele está andando de calcanhar, coisa que aprendeu esta semana, e ela exige seu leite que, depois de beber, faz questão de levantar para varejar a mamadeira na pia da cozinha. Em dia de boa pontaria ela consegue quebrar um copo.

Devastados pela maratona, o que resta de nós se esparrama pela cama. Eu mais "vivo" e ela quase sempre detonada. Aí sabe como é, ne mermão, tu se ajeita, se mexe daqui, se mexe de lá, faz um carinho, diz uma besteira no ouvido e quando começa a se animar, pimba: ela já capotou no segundo cafuné. Um dia desses fui mais ousado e, PUF, levei um tapão certeiro seguido de um "que isso"??? Tomei um susto sinistro, não sabia que ela tinha dormido antes de encostar a cabeça no travesseiro. Intervalo: estão fazendo cocô, 23:00h.

Mas sabe como é, né? No dia seguinte eles acordam e vem parar na sua cama e você acha muito maneiro, mesmo que em alguns dias você queira dormir mais. E é assim: ser pai de gêmeos sem se permitir ser contraditório é impossível. Assumir os sentimentos passageiros ruins te confere humanidade. Rir deles depois e contar aos outros alivia e, assim como os poemas, fazem aqueles que sentem a mesma coisa e nunca falam dizer: porra, é isso mermo! No fim, tamo junto! rsrsr

23:45 - Ela dorme e ele me chama pra jogar bola na sala...