terça-feira, 22 de março de 2011

É fralda! (com trocadilho)

Só pra começar...
Amigo, o carrinho é só a ponta do iceberg. Comecei a ter noção das coisas depois que vi o que os hospitais pedem pra hora do parto. É tanta coisa que cheguei a ficar na dúvida se eles iam devolver as crianças ou cuidariam deles até os seis meses. Acho que demoramos umas duas horas só pra fazer o checklist.

Uma grande sorte que tivemos foi a data de nosso casamento, marcado antes da concepção e consumado com uns 4 meses de gestação. Costumo dizer pra ela que foi um grande negócio, que deveríamos nos separar para casar novamente rsrsrs. Depois de arrumar um lugar em conta, com um buffet amigo e um preço camarada do grupo de samba comandado, estrategicamente, pelo padrinho das crianças, tive a ideia de colocar no convite que o couvert artístico era um pacote de fraldas. Um não, dois. Além disso, teve a famosa lista de casamento, onde conseguimos tudo o que queríamos pra casa e podemos trocar o restante da bufunfa que sobrou pelos berços e colchões das crianças.

No dia do casório foi um sucesso. Além de tudo correr bem, as fraldas pululavam de um lado para o outro, surgiam de todos os cantos e eram arremessadas dentro de grandes recipientes espalhados pelo sítio. Não há quem não se comova com o desespero de um pai de gêmeos. Mesmo aquele mais muquirana, descendente direto do Tio Patinhas, não ia chegar lá sem um pacotinho na mão, mesmo que fosse aquele mais vagabundo e só com oito fraldas.

Com aquele caminhão de fraldas a caminho de casa, a pergunta salta: onde vamos guardar tudo isso? Pois bem, tivemos que criar um quarto das fraldas. Tinha de tudo, de todos os tipos: uma camada, três camadas, respira bumbum, sufoca bubum, fralda noturna que não aguenta nem um peidinho, fralda famosa que machuca na parte do velcro, fralda que se você pingar uma gota ela já vaza, fralda que se você jogar na piscina ela seca, fralda que assa nas costas, que sobra nas pontas, que despedaça junto com o velcro, que não é anatômica, que diz que é pra cinco kilos e com quatro já não cabe, de bichinho, de floresta, toda branca, colorida, enfim, existem tantas possibilidades de tipos e tamanhos ao comprar uma fralda que podem te deixar maluco, principalmente se você nunca trocou nenhuma.

E aí, meu parceiro, você deve estar se perguntando: "pô, esse cara se deu bem, fralda pra dedéu". Aí é que você se engana. Faça as contas comigo. Um bebê recém nascido troca de fralda a cada três horas. Em um dia são oito, no mínimo, já que ele pode se borrar assim que você colocar uma nova. Os dois juntos trocam então, novamente no mínimo, 16 (dezesseis) fraldas por dia. Multiplica isto no mês, vezes trinta, e chegamos a módica quantia de 480 fraldas. Cheguei a pensar em abrir uma fábrica de reciclagem tendo em vista tanta matéria prima disponível, mas do jeito que elas chegam fica meio difícil aproveitar. Hoje já está mais tranquilo: um pacote de 24 dura dois dias rsrsrsrsrs

No final das contas, depois de muitas doações de fraldas genéricas e de outras que ficaram pequenas antes do tempo, algumas lições. Não escolha uma marca pra pedir. Se seu filho for alérgico ou sua pele ficar irritada com ela você vai se rasgar depois, sem saber o que fazer com aquela pilha de fraldas que não serve pra nada. Outra coisa é trocar as que já ficaram pequenas. Faça uma cara de tadinho e entre na farmácia solicitando a troca. É melhor que seja mulher e que esteja com cara de cansada, ainda que isto, neste caso, seja redundância. Vou logo avisando que trocar fralda "P" é difícil e a "M" e mais fácil, já que tem mais saída. Não precisa ter comprado lá, ligue antes e dê uma choramingada que eles acabam cedendo, trocando um ou dois pacotes. Dizer que são gêmeos já comove. Ofereça seu pacote vencido por um que sirva mesmo vindo menos fraldas, é lucro para os dois. Ah, não adianta: não apareça com fralda genérica que ninguém troca.

Depois de muitas fraldas e marcas, terminamos na Turma da Mônica. A Pampers tem uma tira lateral de plástico duro que acaba ferindo a perna deles. A da Mônica é tipo um tecido, mais suave e que não irrita. Noturna, tanto Pampers quanto Respira bumbum da Mônica são ótimas pedidas. Não economize nestas. Você não vai querer acordar 3 da matina pra limpar o cocô que transbordou e se espalhou pelo seu filho, pelo lençol, pelo berço e tudo que estava num raio de 10 metros. Pega a criança, tira a roupa, tira a fralda, troca o lençol, limpa a criança, coloca outra roupa, outro lençol, começa a ninar pra dormir. Tudo isso rezando ao padim padre Cícero pro irmão não acordar. Fazendo tudo rápido, em 1 hora você volta a dormir.  Se tem uma coisa onde o barato sai caro é isso.

Ah, não se esqueça: compra boa é quando a fralda sai por R$0,50, ou seja, quando você paga o valor referente a metade do número de fraldas: pacote de 24 custando 12. Não pense duas vezes: fale com a pessoa do depósito e mande descer seu estoque. Fique atento nas promoções, principalmente das noturnas que são mais caras. Mesmo se elas forem maiores do que a que eles usam hoje compre bastante, pois um dia irão usar e a promoção pode não aparecer tão boa novamente. E não se esqueça de ter sempre em mãos um encarte do guanabara, que tem sempre bons preços e que você pode levar no Extra e pagar a mesma coisa, sem ter que se digladiar com os outros pais transloucados em dias de fralda abaixo dos 50 cents. Certa vez cheguei lá e parecia uma cena de Mad Max, trocando a gasolina pelas fraldas. Se desse mole perdia seu pacote, era bom nem se afastar do carrinho.

Por fim, um mistério que ainda hei de desvendar: como o cocô consegue sair pelas costas da criança, mesmo ela estando em pé???

É Fralda! Ao quadrado...


sexta-feira, 4 de março de 2011

Compra 1: o carrinho


Modelo popular

Parceiro, ao mesmo tempo que você acompanha o desenvolvimento dos seus filhos é chegada a hora de entrar na fase 2: assimilação, espera, escolhas e gastos. A partir de agora será necessário pensar em tudo e um pouco mais pois cada ato seu nesta fase pode gerar uma consequência inesperada no futuro. É uma espécie de teoria do caos, aquela em que um arroto no Xingú pode causar um terremoto na Moldávia. Um passo em falso agora e tudo pode ficar comprometido, ainda que você não visualize isso.

Do carrinho não tem como escapar e, apesar de parecer um negócio muito simples, não é. Ele é praticamente uma extensão da personalidade dos pais, como se fosse a compra de um carro mesmo. A primeira coisa é a segurança, disso não se abre mão: é bom que o carrinho tenha um cinto de cinco pontas (dois que passam por cima do ombro, dois pelo lado das pernas e um entre elas, onde todos se encontram e fecham) para que eles sigam firme. Os nossos são assim ainda que não me lembre de ter colocado os cinco pontos presos nenhuma vez, até porque a criança fica sem poder ir pra frente e pra trás. Um dia desses vi a tira que desempenha esta função na mão deles. Tinha virado corda pra puxar algum brinquedo. Pelo menos teve algum uso.

Depois temos que escolher o tamanho. É sempre bom lembrar que pra caber os dois fechados na mala de um carro só eles sendo bem compactos.  Caso contrário, vai um na frente (do lado do motorista) e outro na mala. Mesmo nós que não temos carro passamos algum sufoco e na hora de pedir um Táxi já informamos que precisamos de uma mala grande. Se você tem um carro que cabe dois carrinhos grandes na mala, deve estar aqui por acidente. Ah, é bom que ele tenha pelo menos três posições: em pé, encostado e deitado.

Por fim, é importante lembrar que quando você for no mercado não vai poder empurrar o carrinho da criança e o de compras. Portanto, uma boa mala é fundamental para que você consiga colocar bastante produtos na parte de baixo. Têm uns pinos na alça de empurrar onde ficam os guarda-copos. Arranque o porta-copo e pendure algumas sacolas ali, lembrando de equilibrar o peso nos dois lados pro carrinho não tombar.

Um dos pontos mais polêmicos ficou por conta de comprar um carrinho duplo ou dois individuais. Aí, amigo, são muitas as hipóteses. Cada caso é um caso e ele deve atender ao perfil do casal. Nós moramos na zona norte, não temos carro e andamos muito na rua com eles. Logo, um carrinho de gêmeos teria que vencer os carros na calçada e os seus repectivos buracos. Além disso, existe o problema de entrar no elevador e na porta de casa, que possuem medidas padrão. Ah, sem falar que ele não passaria em nosso corredor que é estreito e liga os cômodos da casa. Minha mulher defendia sua compra, afirmando que ganharia mais autonomia e que poderia sair sozinha com os dois sem precisar de ninguém.

Eu, na base do terrorismo, perguntava com ares de fim do mundo, o que ela faria se um deles começasse a chorar sem parar. "Eu pego no colo". Insisti: aí o outro começa a chorar. "Eu pego também". Beleza, agora é só chamar o reboque pra trazer o carrinho de volta pra casa, enquanto você vem a pé com os dois no braço. Nem isso dá, porque não sobrou mão pra pegar o telefone. Amigo, pra mim a regra é clara: pra dois temos que ter no mínimo dois na marcação, sendo que mais um na sobra é o ideal. Ela não se deu por vencida e viu um modelo em que ao invés de ser um ao lado do outro, fica um atrás do outro. Depois de refletir rapidamente, ela decidiu que não seria bom porque o que fosse vir atrás não teria uma visão boa da paisagem e seria prejudicado, ou então poderia se sentir um Rubinho da vida. Diz aí?

O outro argumento pela escolha da independência é prático e se mostrou acertado depois. São dois, amigo, e as vezes um está dormindo e o outro está chorando, um quer comer e o outro não, um tá cagado e o outro limpinho, um golfou é tá bolado e o outro acabou de sair do banho e  ficou enjoado. Você quer tomar café da manhã com um no carrinho e não pode, o que muitas vezes pode inviabilizar o desjejum. Separados, um fica com você e o outro com a mãe e depois pode rolar o revezamento, é mais fácil. Se estiverem agarrados no mesmo carrinho a confusão está feita. Separados, você pode ir com um pra cada lado, sem prejudicar ninguém. Um dormiu e o outro berrou? pega o carrinho e vai dar uma volta com o revoltado. Resolvido.

No final de tudo, meu animal de estimação Franco, que tinha me prometido o carrinho, pediu as especificações. Tadinho, creio que ele não sabia onde estava se metendo nem o preço deles, muitos custando quase um carro popular. Quando abri a caixa fiquei até com medo de ele se mexer e começar a falar, parecia um transformer. Mas ainda sim era só um. Como era de última geração, fomos na loja e trocamos ele por dois, com o bebê conforto que encaixava ainda, isso é a maior mão na roda. Pronto: os carrinhos estavam em casa e eu não tinha gastado nem um real com isso. Não é perfeito? rsrsrs

Hoje o carrinho da Sophia já tá fazendo até frete no hortifruti aqui perto de casa. Tá todo troncho, dando de lado, com o encosto das 3 posições quebrado. Consertei com uma ripa que encontrei lá em casa escorando o encosto. O bebê conforto já está no limite. Ambos estão todos manchados de tudo que você possam imaginar: da água de côco ao giz de cera, da pasta de biscoito de maizena regurgitado à papinha que caiu. Vez por outra só o lava jato resolve. 

E isso é só o início. Temos ainda a escolha dos nomes, das roupas, dos acessórios, se vai chupar chupeta ou não e isso e aquilo....

Se fossem dois meninos eu já tinha seus nomes na ponta da língua:  Prejú e Izo rsrsrsrsrsrsrsrsrsrsrsrs.