Meu querido, responda esta pergunta: quando você quer ter a certeza de que vai afetar alguém, de que vai mexer com sua hombridade, que vai eriçar seus brios, que vai tornar o magricela gigante e que vai fazê-lo perder as estribeiras, quem você pensa em xingar?
É óbvio, meu camarada, não precisa nem de uma nota: é só falar da mãe do cidadão.
O pai tu pode esculhambar, chamar de careca, broxa, corno, desdentado, encostado, bunda-mole, furingo e por aí adiante. Se bobear o cara até ajuda a lembrar alguma coisa que porventura você tenha esquecido de falar, dando gargalhadas. Agora, meu amigo, se ele sentir que tu vai colocar a mãe na parada, se prepara que vem chumbo grosso.
Tinha uma pegadinha infame que fazíamos com o maior medo de entrar na porrada, mesmo sendo a brincadeira com amigos, mas fazíamos mesmo assim porque essa era a graça.
Tu chega pro sujeito e pergunta: "tu tem foto da sua mãe pelada?"
É óbvio que o cara vai responder com um constrangido: "claro que não, tá maluco?" isso já partindo pra agressão e, se for paulista, dizendo "tá me tirando, mano?"
E você, já de costas e correndo do objeto que está prestes a voar no seu lombo, que o cara joga pra tentar te derrubar antes de te estraçalhar com os olhos fumegando de raiva, rindo, solta então o trunfo final: "quer comprar então?"
Run, Forrest, ruuuuuuuuuuuuuunn
O filho é sempre da pííí, nunca do puto. Pra agredir falam que você não tem mãe, que é filho de chocadeira. "Seu filho da mãe", dependendo do contexto, é xingamento grave.
Em suma, em qualquer situação, seja ela qual for, o pai não presta pra nada, nem aparece, vira um item opcional. Leio e releio vários blogs das mães e nenhuma palavra sobre os pais. Ou melhor, tem sim: "ele até que ajuda", Homem é homem, né ?", "Pelo menos não atrapalha", "hoje cheguei em casa e ele tinha cuidado das crianças" (ou seja, esta surpresa mostra, na verdade, que ele nunca faz merda nenhuma e quando faz merece até recompensa e esta constatação de uma esposa estupefata!).
Nos textos elas que decidem tudo, da demissão da faxineira ao itinerário dos passeios, da alimentação ao vestuário e muito, mas muito raramente, o pai aparece como protagonista da história. É a mãe, sempre ela, que desponta como artista principal, com suas tramas e oscilações. O Homem nunca aparece, nunca tem questões pessoais, nunca está preocupado com a vida que leva, o dinheiro que ganha ou mesmo a quantidade de vezes que fazem sexo na semana. O Homem, este neanderthal pré-histórico, nasceu para ver futebol e beber e sua função na procriação é apenas fornecer o sêmem da vida.
Somos marginalizados, esta é a verdade. Nós vemos Futebol? Elas vidram nas novelas. Nós falamos besteiras? Grampeie o celular dela pra tu ver. Nós somos desleixados? Banheiro de casa só com mulher é muuuuuuuuuuuuuito pior que banheiro em casa só de homem. Nós somos falsos? Amizade masculina dura muito mais. Em suma, esta é a trombeta que soa pela aparição dos pais nos textos das mães, com o devido destaque que todos merecem.
O sujeito sem pai recebe a definição de "ainda bem que não foi a mãe"
O sujeito sem mãe vira "tadinho, também, criado sem mãe, só pelo pai".
É claro que não existe igualdade nem competição. Impossível disputar com alguém que oferece o único alimento do rebento durante 6 meses, não dá. Se fosse você, hoje, imagina: tu ia brigar com o único cara que pode te fornecer tua quentinha todos os dias? Que nada, nem por um decreto. Ia ser o sujeito mais importante da minha vida, ainda mais seu eu fizer uma refeição a cada três horas....
Não estou querendo dizer com isso que é uma relação utilitária e que o bebê só se apega a mãe por causa do alimento, longe disso. Mas o alimento aproxima a humanidade, reforça os laços, aguça os instintos. Foi em torno dele que a comunidade se desenvolveu, que se reuniu em grupos para contar histórias e passar as tradições adiante. Pela alimentação os grupos se dividiam para desempenhar as tarefas necessárias à sua sobrevivência. Todas as festas terminam na cozinha porque, instintivamente, estamos sempre querendo voltar pro colo da mamãe, que representa a alimentação e, por fim, a vida. Entretanto, por uma destas contradições da humanidade, os melhores Chefes de cozinha são homens...
Mas uma coisa eu vou te dizer. Se eu tivesse um peitinho, um peitinho não, dois morros de Fafá de Belém jorrando leite aqui comigo, ahhhhhhhh meu amigo, as coisas seriam beeeeeeeeeeeeeeeem diferentes. Falar mal do pai era sangue certo.
E você, mamãe blogueira, não se esqueça:
O Filho da mãe é também do pai.
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ResponderExcluirKKKK concordo com vc, fico horas no telefone falando mal até de mim mesma, mas não em uma coisa jamais um banheiro só de mulher será pior que um só de homens, tá certo que um banheiro feminino vai ter cabelos para todo o lado, e calcinhas no box, mas nada se compara ao cheiro e ao vaso cheio de xixi que vcs deixam rsrs,e pelo menos aki em casa alem de ver futebol o maridão aki é vidrado em novela e quando ele não ve tenho que contar para ele, duvido que vc não veja nem uma novelinha viu, aliás acho que vc assim como eu daqui há alguns meses nem saberei o que é uma novela, Filho da mãe!!!
ResponderExcluirHUhuauhahua adorei...Eu concordo com ti...mas que os papais tbm poderiam fazer uma forcinha a mais pra se aproximar dos filhos poderiam né rs...
ResponderExcluirBjus colega!
Seu filho da mãe!!!
ResponderExcluirUma coisa vc já começou...Seus filhos ficarão p... da vida quando falarem mal do papai deles e com razão. Já que vc faz parte de uma geração que está revolucionando o papel dos pais. Amo os seus textos.
ResponderExcluirhummm, esse lance de "se eu tivesse peitinho" lembra o pseudo-debate antropológico sobre a passagem natureza e cultura, biológico e social. Assim a gente volta na mesma ladainha, de que as mulheres são ótimas porque carregam os filhos e são mais habilitadas para tal porque possuem útero e etc... E homens "são assim mesmo" porque faz parte de uma natureza. Porque eles não estão aptos pois servem para Cultura! Nessa perspectiva, deixa a natureza com as mulheres ainda que os homens estejam bombando como os melhores chefs!
ResponderExcluirMas concordo, os homens são marginalizados frente ao cotidiano doméstico, parece que mesmo quando exercitam a presença rola um processo de invisibilização das figuras e dos gestos masculinos. E aí, tudo é culpa da filha da p* da mãe! Um peito, vc sabe, não resolve tudo, porque afinal, a gente não quer só comida.
Meu maridão é 10, não posso falar nada dele. Ele cuida das crianças como eu cuido mesmo. E eu nem admito que o chamem de pãe, como já vi o chamarem. Acho ofensivo a ele. Ele é pai, decide tudo comigo em casa. Este comentário é só para dizer que nem todas as mães são filhas da mãe!!! Rsrsrsrsr
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