quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Quem planta, colhe

Se vocês acham que a tragédia da região serrana foi um dos maiores deslizamentos de terra dos últimos tempos é porque vocês não conhecem minha varanda. Essa semana quase liguei pra defesa civil depois de entrar em casa, tamanha era a quantidade de terra espalhada. Para os que não conhecem minha varanda, ela é cumprida e estreita, de maneira que a terra espalhada interdita a passagem para o outro lado que vou passar a chamar de Lumiar. Até o exército chegar e montar uma ponte, só de helicóptero.

E aí vocês perguntam: "como assim"? E eu respondo. O sonho de minha mulher é criar as crianças em uma casa ampla e com quintal. Apesar de nosso apartamento não ser dos menores, as chances de um quintal eram nulas...bem, pelo menos pra mim. Ela rapidamente resolveu o problema: armou as crianças cada uma com sua pá e partiu pra varanda determinada a criar seu jardim suspenso de Vila Isabel, de dar inveja aos babilônios.

Começaram então a cavar e tirar toda a terra dos vasos e colocar no chão, usando a pá, a mão ou qualquer outra coisa que sirva. Vale também jogar pela varanda, junto com os brinquedos. Thomaz é uma espécie de jardineiro fiel e enquanto mexe com a terra fica em transe, o que acaba sendo bom pelo descanso proporcionado neste tempo. Já Sophia vai na onda, mas não é muito a dela. No máximo segura sua pazinha com o dedão e o indicador, como quem tem nojo, abaixa e dá uma batidinhas na terra, pra se retirar logo em seguida. Ah, e não podemos esquecer que depois disso, Thomaz ainda pega o regador pra deixar tudo beeeeeeeeeeeeeeem molhadinho.

Depois de se sujarem bastante, e de fazerem cocô, é hora de ir pra sala que a faxineira/babá deixou limpinha segundos atrás. Diz aqui pra mim, baixinho, não é um sonho? Não é pra entrar em êxtase?

Mas a culpa é toda minha. E é aqui que, na verdade, começa e história.

Um dia desses, nos idos de 2009, ainda sem nem sonhar com filhos, resolvi colocar uns vasos na varanda. Me deu uma loucura e decidi plantar, acho que deve ter sido depois de ver a fazendinha orgânica do Marcos Palmeira no GNT (o cara é gente boa, não frequenta o castelo de caras, é de esquerda, não faz o estilo global e, ainda por cima, é um pão. Não que eu queira me justificar por estar vendo este programa rsrsrs). Como trabalhava perto da CADEG, fui lá e comprei um monte de sementeiras, daquelas retangulares e com um palmo de altura. Do lado de casa comprei a terra e um monte de sementes e mudas. Espalhei tudo pela varanda e comecei o processo, logo eu que não consegui nem fazer brotar meu feijãozinho no algodão molhado do C.A na experiência de ciências.

Resolvi plantar temperos e ervas. Lá tinha, no início, hortelã, manjericão, manjericão roxo, salsinha, cebolinha, arruda e alecrim. Nasceu uma coisa lá que depois de alguma pesquisa e análises com amigos descobri que era salsão, também conhecido como aipo. Depois de algumas mortes e pulgões, parti pro desespero.

Comecei a comprar aqueles pacotinhos de sementes e jogar a esmo na terra: tomatinhos, pimentão, mostrada, coentro e etc. Bem, hoje o que sobreviveu aos dias sem regar e ao sol fervente ainda está lá pra contar a história: o alecrim, um boldo plantado por meu sogro, que tá virando um jequitibá, uma árvore da felicidade dada pela Anna e pelo Piu, um casal de grandes amigos, ela madrinha das crianças e ele meu gafanhoto de estimação, um jarrão de uma planta que não sei o nome levado pela minha mulher de contribuição, a cebolinha e, por fim, um jarro com espada de Ogum e Iansã, que julgo ser uma espécie de mandacaru do sudeste. Mesmo sem ver água durante dias elas seguem firmes desde o primeiro momento. Levando-se em consideração a quantidade de vasos plantados e a quantidade de plantas que morreram, sobraram uns cinco vasos só com terra, prontinhos para serem utilizados.

Não falei que a culpa era minha?

Essa necessidade doentia de querer plantar tava querendo dizer alguma coisa, que só percebi depois de 9 meses. Já viu, né amigo? Se olhou para um vaso e sentiu uma vontade de mexer na terra, preste atenção onde vai jogar suas sementes...


2 comentários:

  1. PRIMO,ESTA SENSACIONAL...

    NO LANÇAMENTO DO LIVRO, QUERO SER A PRIMEIRA A GANHAR O AUTÓGRAFO...

    AINDA BEM QUE OS GÊMEOS JOGAM TERRA PELA VARANDA,PQ VC JOGAVA OS MEUS SAPATOS DE ESCOLA DO 10 ANDAR..

    QDO CAIA NO PLAY DO PRÉDIO BELEZA, CONSEGUIAMOS PEGAR, SÓ QUE AS VEZES VC ACERTAVA JUSTAMENTE NA VILA ONDE ROLAVA A CURIMBA..RSRRS

    VC LEMBRA DISSO..... KKKKKKKK

    BEIJOS

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  2. ADOREI!! Também vou querer autógrafos!!Um beijo grande em todos!

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